Álvaro Pacheco, treinador português de 53 anos, decidiu rescindir contrato com o Al-Orobah, clube da liga principal da Arábia Saudita, devido a salários em atraso. O técnico assumiu o comando da equipa em julho, mas, desde o início da época, enfrentou problemas de incumprimento salarial que se prolongaram até à decisão de deixar o cargo. Durante a sua passagem, orientou o Al-Orobah em 14 partidas, incluindo confrontos contra clubes como o Al-Nassr, de Cristiano Ronaldo, e o Al-Ittihad, de Karim Benzema.
Segundo informações divulgadas pelo jornal “Record”, a situação no clube foi agravada pelo incumprimento de outras promessas feitas ao treinador. Estas falhas incluem aspetos relacionados com o trabalho diário e a gestão do plantel, contribuindo para o mal-estar e influenciando a decisão de Pacheco em encerrar a sua experiência no futebol saudita. Além do treinador português, Emmanuel Boateng, atacante ganês que passou por clubes portugueses como o Moreirense e o Rio Ave, também rescindiu contrato pelo mesmo motivo e transferiu-se para o Gaziantep, da Turquia.
A situação de salários em atraso na Arábia Saudita não é nova. Um relatório publicado pela FIFPRO, sindicato internacional de jogadores, em 2023, incluiu o país numa lista de locais a evitar devido à recorrência de problemas relacionados com atrasos nos pagamentos, diz a Tribuna Expresso. O documento apontou também outros países, como Argélia, China, Roménia e Turquia, como contextos de risco para profissionais da modalidade.
Em anos recentes, outros casos semelhantes foram registados no futebol saudita. Pepa, treinador português, relatou situações de desrespeito contratual em 2023, enquanto Filipe Gouveia denunciou salários em atraso no Al-Hazm. Lewis Grabban, jogador inglês, processou o Al-Ahly em 2022 por falta de pagamentos que incluíam salários e prémios de assinatura, resultando numa indemnização de mais de um milhão de euros.
Apesar dos elevados investimentos em grandes estrelas e na organização de eventos internacionais, a liga saudita continua a enfrentar desafios no cumprimento das condições laborais dos seus profissionais menos mediáticos. A desigualdade nos pagamentos é evidente, com jogadores como Cristiano Ronaldo e Neymar a liderarem as listas de rendimentos globais, enquanto outros atletas e técnicos lidam com atrasos constantes.
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