O reencontro de quinta-feira entre Estrela da Amadora e Farense na Taça de Portugal de futebol, 30 anos depois do histórico duelo na final, só não vai ser perfeito devido à ausência de público, disse à Lusa Pitico, antigo extremo dos algarvios.
“O que faltava a este reencontro para ser perfeito era ter as duas ‘torcidas’ nas bancadas a lembrar esse momento histórico de 1990 quando os dois jogos levaram milhares de adeptos ao Estádio do Jamor. É pena que a pandemia não permita isso este ano”, afirmou o ex-futebolista do Farense, orientado por Paco Fortes e presente na final (1-1) e na finalíssima (2-0) que o Estrela venceu em 1990.
Já se passaram três décadas, mas as recordações de Pitico, que representou os algarvios entre 1988 e 1994 (203 jogos e 32 golos em todas as competições), continuam centradas no apoio “fantástico” dos adeptos de Faro.
“Foi um momento único, fantástico, ver uma equipa de II Divisão chegar ao Jamor. É algo que vou relembrar pela vida inteira, ter o apoio de tantos adeptos nas bancadas. A cidade de Faro ficou vazia nos dois jogos”, sublinhou à Lusa.
Após dois jogos e 210 minutos de muita emoção, o Estrela arrebatou a 50.ª edição da Taça de Portugal ao vencer o Farense na finalíssima, por 2-0, com golos de Paulo Bento e Ricardo Lopes.
“No primeiro jogo, faltou-nos alguma sorte. Houve uma grande defesa do guarda-redes do Estrela a um remate do Eugénio na segunda parte que foi decisiva. No segundo jogo, acusámos algum cansaço e o Estrela, mais sagaz a aproveitar os nossos erros, triunfou de forma justa”, lembrou Pitico.
Para o antigo extremo brasileiro, a equipa algarvia somava jogadores de grande qualidade e com experiência de I Divisão, como Ademar, Carlos Pereira, Formosinho e Fernando Cruz, a uma estrutura “fora de série”, em que, além do técnico Paco Fortes, pontificavam os adjuntos e irmãos Fanã e Manuel Balela, o psicólogo Carlos Albino e o fisioterapeuta Fernando Belo, “o elo de ligação entre jogadores e equipa técnica”.
“Quando uma equipa de segundo escalão chega a uma final da Taça, acho que é um feito fantástico. Sem desmerecer a equipa que conseguiu o apuramento para a Taça UEFA [em 1995], acho que esta foi a melhor temporada de sempre do Farense”, acrescentou o ex-jogador, radicado no Algarve e ainda ligado ao futebol: na última temporada, orientou o Almodôvar, da I Divisão Distrital de Beja.
Desta vez, é o Farense que está na I Liga, enquanto o Club Football Estrela da Amadora SAD, herdeiro do antigo Estrela e líder da Série G do Campeonato de Portugal, tenta voltar aos seus tempos áureos.
“Se se repetir a tradição de a equipa de primeiro escalão ganhar, é o Farense que deve sair por cima. Espero que os jogadores se lembrem da nossa história de há 30 anos e repitam essa saga. A equipa tem muita qualidade e estava a faltar o regresso ao nosso estádio. Quando os adeptos voltarem ao ‘inferno’ do São Luís, então vai ser ainda melhor”, afirmou Pitico.
O jogo em atraso da terceira eliminatória da Taça de Portugal entre Estrela e Farense está marcado para quinta-feira, às 14:30 horas, no Estádio José Gomes.