A histórica Académica, vice-campeã nacional em 1966/67, na melhor das suas 64 presenças na I Liga, desceu este sábado, pela primeira vez na sua história, ao terceiro escalão do futebol português.
Matematicamente despromovida, a Académica jogará a Liga 3 em 2022/23, depois de 88 épocas consecutivas, desde 1934/35, entre a primeira e a segunda divisões do futebol luso, num trajeto que até hoje contava com sete descidas e 24 presenças na divisão secundária.
Apesar desses ‘percalços’, a história da ‘Briosa’ fez-se, sobretudo, no escalão principal, entre os ‘grandes’ e tem como ponto alto o segundo lugar conquistado na época 1966/67, na qual lutou até ao fim com o ‘grande’ Benfica, de Eusébio, que na época seguinte jogou a final da Taça dos Campeões.
Artur Jorge, Rui Rodrigues, Vítor Campos, Rocha, Maló, Celestino, Ernesto, Marques, Gervásio, Crispim, Curado, Vieira Nunes, Mário Campos, Serafim e Toni foram nomes que entraram para a ‘lenda’ da Académica, como vice-campeões nacionais.
Os ‘estudantes’, que acabaram a prova com 18 vitórias, quatro empates e quatro derrotas, ainda lutaram pelo cetro até à 19.ª jornada, de 26, na qual comprometeram o ‘sonho’, ao perderem por 1-0 na receção ao Benfica, que acabaria campeão.
Na divisão ‘maior’, a Académica não mais lutou pelo título, mas conquistou outros lugares muito honrosos, nomeadamente os quartos de 1964/65 e 1967/68, o quinto de 1970/71 e os sextos de 1965/66 e 1968/69, nesta última edição com 19 golos de Manuel António, que acabou como melhor marcador da prova.
A ‘Briosa’ fechou o ‘top 5’ pela última vez em 1970/71, sendo que até essa altura só tinha falhado a divisão principal uma vez, em 1948/49, época em que venceu a fase final da II divisão, após o 14.º e último lugar de 1947/48.
Depois, as presenças no segundo escalão começaram a aumentar, duas ainda na década de 70, cinco na de 80, um recorde de oito na de 90, na qual só esteve entre os ‘grandes’ em 1997/98 e 1998/99, duas na primeira do século XXI e quatro na segunda.
A Académica somou a sétima descida ao segundo escalão em 2015/16 e, depois disso, nunca mais voltou, embora tenha acumulado sempre boas classificações: sexto lugar em 2016/17, quarto em 2017/18, quinto em 2018/19, sétimo em 2019/20 e quarto na temporada transata.
Para a presente época, os ‘estudantes’ perderam muitos dos ‘craques’ que brilharam em 2020/21, começaram desde cedo a acumular treinadores e, a quatro rondas do fim, desceram ao ‘abismo’, a uma inédita participação no terceiro escalão do futebol luso, agora denominado Liga 3.
Esta é a oitava descida da história da Académica, depois de sete do primeiro para o segundo escalão, em 1947/48, 1971/72, 1978/79, 1980/81, 1987/88, 1998/99 e 2015/16, sendo que, só em dois ciclos, cumpriu mais de três épocas seguidas no segundo, nove entre 1988/89 e 1996/97 e seis de 2016/17 a 2021/22.
Nas passagens pela segunda divisão, nas zonas Norte e Centro, na II Honra ou na II Liga, os ‘estudantes’ tinham acabado sempre no ‘top 8’, sendo exceção a época 1995/96, na qual se ficaram pelo 15.º posto, um acima da zona de descida.
A Académica só garantiu a manutenção na 33.ª de 34 jornadas, acabando apenas dois pontos à frente do Nacional, que ficou no 16.º posto e caiu para a então II divisão B.
Essa temporada tinha sido, porém, a exceção, com os ‘estudantes’ a ficarem sempre mais perto de subir do que de descer, como aconteceu na época 2020/21, em que acabaram imediatamente atrás das três formações promovidas, uma delas, o Arouca, depois de bater o Rio Ave no ‘play-off’.
Um ano depois, acontece a queda ao terceiro escalão de um clube que, há menos de uma década, em 2012/13, estava a disputar a fase de grupos Liga Europa, na qual conseguiu vencer os espanhóis do Atlético de Madrid (2-0 em Coimbra).
Esta presença aconteceu depois da histórica vitória na edição 2011/12 da Taça de Portugal, com um triunfo por 1-0 sobre o Sporting, selado por Marinho, na final do Jamor, a reeditar o triunfo da edição inaugural (4-3 ao Benfica, em 1938/39).
Em 2013/14, a Académica conseguiu outro feito invulgar nos últimos anos, ao acabar o campeonato principal no oitavo lugar, a melhor classificação desde o sétimo posto de 2008/09, o outro ‘top 10’ do século XXI.
Para 2022/23, o programa de ‘festas’ será bem mais desinteressante, com a participação na Liga 3, na qual estão esta época outros históricos do futebol português, como o Vitória de Setúbal, a União de Leiria ou o Alverca.