Rui Barbosa Batista, enviado da agência Lusa
O velejador do Clube Naval de Portimão João Pinto considerou esta quinta-feira que a medalha de bronze conquistada na quarta-feira nos Mundiais de Haia na classe adaptada Hansa 303 sabe a ouro, dados os sacrifícios e limitações que tem para praticar a modalidade.
“Esta medalha de bronze significa trabalho, dedicação e muitas horas a treinar. Tenho bastantes dificuldades em ter sempre um treinador comigo e vim sozinho com o meu irmão, que é uma grande ajuda, mas o seu conhecimento de vela não é igual ao meu. Por isso, vai retribuído todo o esforço e empenho destes anos na vela, pelo que, para mim, é como uma vitória”, disse, em declarações à Lusa.
João Pinto garantiu a terceira posição com 35 pontos, numa prova ganha pelo polaco Piotr Cichocki, com 11 pontos, seguido pelo japonês Takumi Niwa, com 24.
“Quando estou a navegar sou um atleta bastante competitivo, mas um dos meus maiores efeitos é cometer erros. Muitas vezes, na frente, cometo erros muito simples e perco lugares, ficando mais difícil lutar pelo pódio. Podia ser mais regular nos três primeiros se não cometesse esses erros, não diria infantis, mas dos nervos, da ansiedade e pressão da própria competição”, assume.
Nestes Mundiais, João Pinto ficou três vezes em terceiro, quatro em quarto e duas em quinto, amealhando ainda um sexto, que descartou como pior resultado.
Velejador João Pinto gostava de poder contar com mais tempo com o treinador
O atleta do Clube Naval de Portimão reconhece que o seu maior desafio tem a ver com o seu feitio e a sua vontade de ser independente, quando a realidade é que está “preso a uma cadeira de rodas”.
“Sofri uma lesão grave e não consigo preparar um barco, estou sempre dependente de alguém para meter um barco na água. Isso faz de mim uma pessoa dependente de outros”, lamenta.
João Pinto gostava de poder contar com mais tempo com o treinador Frederico Rato, nomeadamente nas provas internacionais, e sonha com o dia em que a namorada, com quem também chega a fazer equipa na vela, consiga ter mais férias para o acompanhar nos eventos.
“A prática do desporto nunca é uma dificuldade, mas um prazer. As logísticas é que são sempre muito complicas, não apenas vela adaptada, embora seja pior por estar em cadeira de rodas”, completou.
Nos mundiais de Haia, a vela adaptada portuguesa contou ainda com a prata de Pedro Câncio Reis e Guilherme Ribeiro em RS Venture.
Leia também: Prova de apuramento prepara “terreno” em Portimão para o Campeonato do Mundo de Vela Adaptada