Na noite de domingo para segunda, Hollywood não se distinguiu exatamente por uma expressão vigorosa de apoio à Ucrânia. Havia expectativas de que alguns dos discursos na cerimónia dos Óscares se referissem ao assunto, ou mesmo que o Presidente ucraniano aparecesse em direto por videochamada, como tem feito em parlamentos pelo mundo fora desde que a guerra começou. Mas não houve transmissão direta e nenhuma das pessoas que falou na cerimónia disse o nome Ucrânia.
Em vez disso, houve um minuto de silêncio com a passagem de três slides, seguidos imediatamente por um anúncio. O primeiro dos slides dizia: “Gostávamos de ter um momento de silêncio para mostrar o nosso apoio ao povo da Ucrânia que neste momento enfrenta invasão, conflito e preconceito dentro das suas próprias fronteiras”.
A seguir lia-se: “Embora o cinema seja uma via importante para expressarmos a nossa humanidade em tempos de conflito, a realidade é que milhões de famílias na Ucrânia precisam de comida, cuidados médicos, água potável, e serviços de emergência. Os recursos são escassos, e nós – coletivamente enquanto comunidade global – podemos fazer mais”.
O terceiro slide apelava ao apoio à Ucrânia, e mal ele desapareceu surgiu um anúncio de uma empresa a prometer doações com fins humanitários na Ucrânia.
Referências diretas à guerra na Ucrânia parecem ter-se limitado à atriz Mila Kunis, de ascendência ucraniana, que já angariou 35 milhões em ajuda humanitária para o país. Na cerimónia, Kunis aludiu a de “recentes eventos globais” que nos abalaram e da emoção que nos causa “a força e a dignidade dos que resistem”.
E foi isso. O produtor da cerimónia, Bill Packer, tinha avisado antes do arranque que uma noite como aquela era para as pessoas se divertirem, mas claro que ia haver “um reconhecimento dos tempos tumultuosos que atravessamos e do povo da Ucrânia”.
Na cerimónia propriamente dita pouco se viu, embora houvesse muitos participantes com laços azuis e dourados. Fora dela, vários atores conhecidos, entre eles Amy Schumer e Sean Penn, exprimiram a sua solidariedade com a Ucrânia.
Falando à CNN, Sean Penn, que tem estado na Ucrânia a filmar um documentário sobre a guerra, ameaçou derreter os seus Oscares se Zelensky não entrasse em direto.
Entretanto, vários comentadores criticaram Hollywood por falta de sentido de perspetiva, dado o contraste entre a vaguidade do seu apoio à Ucrânia e o espaço generoso que os discursos dos participantes dedicaram a defender causas progressistas e a atacar republicanos.
- Texto: Expresso, jornal parceiro do POSTAL