A cantora Paula Ribas, 91 anos, que foi apelidada como a “rainha do twist”, morreu esta terça-feira, no hospital de Cascais, onde se encontrava internada, disse à agência Lusa o seu marido, o músico Luís N’Gambi.
A cantora Paula Ribas fez sucesso na década de 1960, em Portugal, com êxitos como “Vamos Dançar o Twist”, de que foi dita “rainha”, e em 1970 rumou ao Brasil, onde permaneceu 20 anos.
Paula Ribas, de seu nome de batismo Ilídia Dias Ribas, nasceu em Faro, em 23 de fevereiro de 1932, e estreou-se em 1952 no programa radiofónico “Ouvindo as Estrelas”.
Sobrinha da atriz Virgínia (1850-1922), tinha estudado piano e solfejo no Conservatório Nacional, onde foi aluna de Campos Coelho e de Marieta Amstad.
O compositor Carlos Nóbrega e Sousa, amigo da família, levou-a a trocar a música clássica pela ligeira e, aos 17 anos, participou num concurso de novos talentos da então Emissora Nacional.
A cantora foi construindo a carreira com temas como “Isto é Lisboa”, “Ai Algarve”, “É Assim a Madeira” é “Ruas da Minha Cidade”.
Em 1965 assinou contrato com a discográfica Alvorada e gravou várias versões dos grandes sucessos internacionais, adaptados por António José, que trabalhou posteriormente com Marco Paulo.
No teatro foi a ”atração nacional” na revista “E Viva o Velho” (1966) da qual fizeram parte, entre outros, António Mourão (1935-2013), Camilo de Oliveira (1924-2016) e Io Appolloni, Luísa Durão (1899–1977) e Costinha (1896-1976).
Nesta revista interpretou o êxito “Maria Lisboa”, de Eduardo Damas e Manuel Paião. Na revista seguinte “Ri-te, Ri-te” destacou-se com a canção “Quatro Estações”, de José Mesquita.
No cinema protagonizou, com António Calvário, o filme “O Amor Desceu de Paraquedas” (1968), de Constantino Esteves, e “Férias em Portugal”, ao lado de Dalida (1933-1987) e Alberto Cortez, filme que nunca foi exibido em público. Também com Madalena Iglésias, António Silva e Tonicha, entrou em “Sarilho de Fraldas” (1967), de Constantino Esteves.
Ribas assinou contrato com a discográfica espanhola Belter, que representou nos festivais de canção de Benidorm, Málaga, Las Palmas e Orense, em Espanha.
Nos começos da década de 1970, Paula Ribas viajou para S. Paulo, no Brasil, onde foi atração do programa “Caravela da Saudade”, da TV Tupi.
Ribas estreou-se no Brasil já com 20 álbuns e atuações em 17 países, com gravações, cantando em várias línguas.
Em 1970, participou no Festival Internacional da Canção do Rio de Janeiro, com “Canção da Paz Para Todos Nós”, de Francisco Nicholson e Jorge Costa Pinto.
Voltou ao Brasil em 1972, quando fixou residência em S. Paulo, tendo sido contratada pelo restaurante Avril au Portugal.
Em 1974 gravou o LP “Fados Brasileiros”, com composições e poemas de Vinicius de Moraes, Cecília Meireles, Chico Buarque, Caco Velho, Chico Alves, Caetano Veloso e Dorival Caymmi, entre outros, ao qual se seguiu “Portugal Hoje”, composto apenas por versões de temas de José Afonso, em colaboração com o músico Luis N’Gambi, com quem tinha casado em Angola.
A cantora liderou o elenco do musical “Brasil em Três Tempos”, que esteve em cena durante 18 meses, no Hotel Nacional, no Rio de Janeiro, seguindo em digressão pelo Brasil com o espetáculo “Navegar É Preciso”, que deu origem a um álbum homónimo.
Em 1981, gravou o disco “Tudo Isto É Fado”, também com Luís N’Gambi, com quem fez ainda o álbum antológico “Angola – Folclore e Canções Tradicionais”, para demonstrar as afinidades musicais entre os ritmos do samba e do semba.
Em Portugal com a discográfica Discossete gravou os dois álbuns que incluem sucessos como “Amar Você”, “Eu e Você” e “Chuvas de Verão”.
Em janeiro de 2015, Paula Ribas e Luís N’Gambi foram homenageados em Lisboa, no Chapitô, com a participação do poeta Ricardo Maria Louro.
A cantora regressou a Portugal em 1989, e até recentemente atuava todas as semanas no Restaurante da Nini, em Lisboa.
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