“Reconhecemos que a máscara é um fator de prevenção e de segurança, mas tínhamos expectativas que neste momento já fosse possível estar numa escola sem máscara tendo em conta a evolução e o que conhecemos agora da doença”, disse à Lusa o presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap), Jorge Ascenção.
As novas medidas de alívio das restrições impostas pela pandemia de covid-19 foram divulgadas no final da semana passada e entraram em vigor no fim de semana, mas no caso das escolas as regras mantiveram-se inalteradas.
O uso de máscara por funcionários e alunos a partir dos 10 anos de idade continua a ser obrigatório o que “prejudica a socialização entre os alunos e perturba as aprendizagens”, afirmou Jorge Ascensão.
O impacto nas aprendizagens é também apontado por professores e representantes dos diretores escolares, apontando que a máscara cria uma barreira na comunicação, no diálogo, na aprendizagem e no desenvolvimento das crianças e jovens.
“Há um prejuízo para os alunos, em especial para os mais novos, porque a leitura labial é essencial para a fala e a aprendizagem da escrita. Estamos todos ansiosos e desejosos pelo fim das máscaras. Mas estou a falar enquanto especialista em educação, não sou da área da saúde. Se os técnicos recomendam o seu uso, então teremos de aguardar”, disse Manuel Pereira, presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares (ANDE).
Também o presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP) entende a decisão do Governo, “que foi baseada em parecer médicos que indicaram que ainda não era seguro deixar cair a medida”.
“Há constrangimentos para a prática diária da lecionação, até porque os professores usam a sua voz, que está amordaçada pela máscara”, disse Filinto Lima à Lusa.
“Esperemos que no mais curto espaço de tempo seja possível deixar cair o uso das máscaras nas escolas”, acrescentou o também diretor do agrupamento de escolas Dr. Costa Matos, em Vila Nova de Gaia.
Os pais são os mais críticos, lembrando outras situações em que os jovens estão juntos sem máscaras, como é o caso dos espaços de diversão noturna, onde a obrigatoriedade do uso de máscara desapareceu.
“Ainda ninguém me conseguiu explicar porque é que os jovens estão de máscara nas escolas, mas depois saem e estão todos juntos sem máscara, inclusive em discotecas”, criticou Jorge Ascenção.
Os especialistas em saúde pública têm defendido que o uso de máscara nos estabelecimentos de ensino é uma forma bastante eficaz na proteção e na transmissibilidade do vírus.