
Nos 45 anos da “Revolução dos Cravos”, o “POSTAL do ALGARVE” associa-se às comemorações e irá publicar todos os dias, durante o mês de Abril, um texto ou poema alusivos ao 25 de Abril.
Uma iniciativa organizada por Rui Cabrita e que irá decorrer em simultâneo no jornal “Terra Ruiva”, do concelho de Silves.
A Guerra Colonial
O fim da II Guerra Mundial marca o início de profundas transformações a nível mundial. Em 1945 é criada a Organização das Nações Unidas que na sua Carta consagra o direito dos povos colonizados à sua autodeterminação.
Em consequência da nova ordem internacional começam a ascender à sua independência ex-colónias de grandes potências europeias: Grã-Bretanha, França, Holanda e Espanha. Em 1947 tornam-se independentes a Índia e o Paquistão, jóias da coroa do império britânico. Os anos que se seguem consagram este movimento de autodeterminação e independência, primeiro na Ásia e depois em África, constatando-se que no início da década de 1960 a grande maioria das ex-colónias europeias se tinham tornado novos países independentes.
Salazar vai resistir a este movimento, apesar dos movimentos separatistas terem tentado, junto de Lisboa, obter soluções negociadas.
Em virtude da obstinação do ditador e do regime, em 1961, inicia-se em Angola um longo processo de Guerra Colonial, que se estenderia à Guiné em 1963 e a Moçambique em 1964.
Também em 1961, após várias tentativas da União Indiana para obter uma solução negociada para a integração no seu território de três pequenas parcelas de terreno sob administração portuguesa existentes na Índia, e perante as constantes recusas de Salazar, a União Indiana invade aqueles três territórios com um poderoso dispositivo militar, por terra, mar e ar, obrigando o exíguo e mal apetrechado dispositivo militar português à rendição, apesar de Salazar ter dado, por mensagem a ordem de: “… soldados e marinheiros vitoriosos ou mortos …” . Os militares não esqueceriam esta afronta.
A Guerra nos três territórios africanos, Guiné, Angola e Moçambique, vai prolongar-se pelos anos, o que implicou um progressivo desgaste das Forças Armadas portuguesas, quer do ponto de vista do material, quer do ponto de vista do pessoal.
A situação social no País atingia a maior das degradações, com a miséria a alastrar, a emigração, por ela forçada, a aumentar, provocando o despovoando de grandes zonas no interior e a juventude, em revolta crescente, a desertar. Foi ultrapassada a capacidade de mobilização de jovens para a guerra, tendo-se iniciado a chamada às fileiras de pessoas pela segunda vez. Era o desespero nas famílias e particularmente na juventude.
Em 1973 a situação militar na Guiné era extraordinariamente grave, sendo a superioridade militar do movimento de libertação evidente, constituindo a hipótese de uma derrota militar no terreno uma possibilidade que tinha que se equacionar. Também em Moçambique o movimento de libertação avançava abrindo novas frentes em cada vez mais vastas áreas geográficas.
É pois neste ambiente de grande degradação da situação militar que a ditadura é derrubada na madrugado de 25 de Abril de 1974.
Mortos na Guerra Colonial Portuguesa
Durante os 13 anos de Guerra, registou-se um total de 8 290 mortos nas três frentes de combate. O número mais elevado ocorreu em Angola, 3 258, sendo 2070 na Guiné e 2962 em Moçambique. Para além destes terríveis números existem um número de desaparecidos em combate que nunca foi determinado.
Feridos na Guerra Colonial Portuguesa
A Associação de Deficientes das Forças Armadas apoia cerca de 13 mil associados portadores de deficiência permanente e adquirida em serviço militar. Cerca de 3 mil processos aguardam resolução. Calcula-se sejam perto de 30 mil as pessoas com deficiências causadas pela guerra colonial.
O número de feridos não foi definitivamente apurado mas cifra-se nas dezenas de milhar.
O número de afectados, a nível psíquico, é porém muito mais elevado. fenómeno, Calculam-se em cerca de 140 mil os antigos militares que padecem de “stress de guerra”.
(CM)