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Abril
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Em que o perfume dos dias crescendo, trespassa a vidraça, e depois vamos abrir as janelas de par em par à ideia quase extinta de liberdade, que está a passar por aqui, e deves agarrá-la, na vida lá fora. Aquece a alma e vai reinventar o mundo.
Púrpura Voz
alcançar o álcool da palavra
e a púrpura voz
letras são já da vinha
nuvem de etílicos vapores
a frase uma bebedeira arriscada
o texto umas vezes
um desperdício de abundância
outras um delírio exíguo
alcançar o álcool da palavra
e a púrpura voz
incerto rumo
O quarto título de poesia de Adão Contreiras é apresentado no dia 8 de Abril, no Gorjões Total Arte – Salão da antiga Sociedade Recreativa de Gorjões (freguesia de Santa Bárbara de Nexe –Faro), pelas 16h30 e será apresentado por Tiago Nené com leituras de Adília César.
Adão Contreiras (1944) estudou na Escola de Artes Decorativas António Arroio e na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa. Realizou algumas exposições individuais e participou em exposições colectivas de pintura e escultura. Foi professor no Ensino Básico e Secundário.
Antes deste «Púrpura Voz» (2017), pela editora Lua de Marfim, publicou pela editora 4águas: «Página Móvel Com Texto Fixo» (2013); «Ouro e Vinho» (2014) e «Mostruário de Títulos para Poemas» (2016).
Tertúlia do Canto
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Na mesa do canto, à direita de quem entra pela porta giratória do renovado Café Aliança, poderá encontrar e participar da conversa, que decorrerá todas as sextas-feiras, pelas 18h00, naquele local centenário e mítico, onde se pretende recuperar o espírito de tertúlia de café, aberta, sem tema nem liderança, sem organizadores, sem convidados, sem programa, apenas um lugar de troca de ideias e opiniões.
Ramos
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~ o barco avança mas a barra mostra-se inóspita cuspindo a embarcação para terra através das vagas por onde o peixe se espaventa. mais uma noite sem pesca em tempo de crise traz o pescador de regresso sob o aguaceiro que lhe cai sobre os ombros onde já carrega o mundo. o copo de aguardente na tasca ribeirinha abre o caminho à sossega. mas o sueste traz insónias nervosas à mulher. já tem a roupa estendida, a loiça lavada, tudo num brinco. amanhã é dia do senhor de ramos. o deus nos proteja ficará na doca ~
Cine-Clubes
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O cinema continua vivo no sotavento algarvio. Não é extraordinário ter 3 grupos de Cine-Clube a funcionar num espaço de apenas 30 quilómetros (Tavira – Olhão – Faro) ? Mantendo há muitos anos, uma programação invejável, com uma audiência em crescendo, trabalhando para o gosto de um público que não consegue reduzir a sua visão, às salas claustrofóbicas dos centros comerciais e à pouca diferença de/das propostas aí apresentadas. Façam por merecê-los. Vejam este mês nas páginas de facebook o que passa e no que se passa no escurinho dos Cine-Clube.
Abril
Instala a claridade no horizonte, o mar está mais da cor azul que imaginamos que tem, a terra mais amena, e o velho e inóspito mundo parece um lugar novo e acolhedor. Mas tens de perceber que deves sustentá-lo com a tua vontade de criar.
Quotidianos Poéticos
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Prevê-se que a partir da próxima edição do Cultura.Sul, para o mês de Maio, neste espaço da última página surja uma nova crónica, intitulada «Quotidianos Poéticos», algures num espaço e tempo do Algarve, em que a vida, a arte, a ficção e a poesia se enlaçam nos dias.
Excerto de um texto da primeira série de «Quotidianos Poéticos» publicada em 2011:
Nenhuma poetisa poderia querer viver em 1918 numa pacata terrinha como Quelfes (freguesia de Olhão), ainda que aconselhável pelos bons ares, muito menos Florbela Espanca que já pouco vivia por esses dias.
“Estou cansada, cada vez mais incompreendida e insatisfeita comigo, com a vida e com os outros. E é isto que me traz sempre desvairada, incompatível com a vida que toda a gente vive…”
(Artigo publicado na última edição do Caderno de Artes Cultura.Sul)