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Mais de uma década de trabalho e dedicação levaram a Lagoa mais de uma centena de pensadores e oradores que, a cada última quinta ou sexta-feira dos meses, se debruçam sobre as mais diversas temáticas. Entre os nomes que nestes 11 anos de sucessivas tertúlias passaram pela Biblioteca Municipal de Lagoa encontram-se alguns nomes sonantes da vida portuguesa das mais variadas áreas, mas, mais do que o nome de cada convidado, o que releva é o seu pensamento, a sua opinião e a sua forma de ver o Algarve, Portugal e o mundo.
Conversas pensadas para ouvir, debater e reflectir, as Tertúlias da Biblioteca Municipal de Lagoa são resultado do trabalho aturado e dedicado de um dos nomes regionais de relevo nas áreas da cultura e do fomento da participação cívica, Maria Luísa Francisco, que sem ceder a qualquer protagonismo tem realizado um pouco por toda a região um aturado trabalho de intervenção em vários segmentos da cidadania e da cultura.
Mais de uma década de conversas, umas mais acesas do que outras, é um fenómeno a nível regional que é, no mínimo, de louvar, quando o mundo tal como hoje o conhecemos deixa tantas vezes cair por entre a rotina e o desinteresse generalizados o tempo para a reflexão e para a análise partilhadas com o outro.
As tertúlias, e as promovidas por Maria Luísa Francisco não são excepção, são espaços de liberdade e de fomento do pensamento, abrem horizontes, consolidam ideias e moldam convicções na relação entre o eu e o colectivo de forma única. Geradoras de consciencialização são espaço para vingar o desenvolvimento do sentido crítico face à realidade, sem seguidismos nem pré-concepções e são, por isso mesmo, oportunidades cada vez mais raras e imperdíveis de formação e sensibilização.
Das temáticas mais banais – à primeira vista – àquelas que possam parecer mais eruditas, a verdade é que o bordão “da discussão nasce a luz” é o resultado que a cada momento se espera de cada uma das tertúlias lagoenses pensadas e moderadas por Maria Luísa Francisco, realizadas no quadro da intervenção cívica preconizada pelo Lions Clube de Lagoa.
Uma iniciativa de 11 anos que conta desde a primeira hora com o apoio do município local e que promete continuar a atrair para o palco das reflexões pessoas de todos os quadrantes e formações, de todas as áreas da vida e de todos os segmentos do pensamento livre, afinal é da amálgama de ideias conversadas que se faz o elixir do conhecimento e da sabedoria, que se faz coisa pública e colectiva nestes espaços de debate.
Mais do que necessariamente opinar, o que em cada tertúlia é sempre fomentado como consequência da intervenção dos oradores convidados, dar a conhecer a realidade e algumas das visões que sobre ela existem, são um passo fundamental para uma maior consciência das temáticas. O saber não ocupa lugar, mas tem nas Tertúlias da Biblioteca de Lagoa espaço de destaque porque conhecimento é poder e, acima de tudo, porque participar na discussão da vida é fundamental.
A Tertúlia que assinalou os 11 anos deste verdadeiro serviço público que tem aos comandos Maria Luísa Francisco realizou-se no final de Março e teve como convidado Francisco Moita Flores, debruçando-se sobre o tema “As redes sociais e as novas formas de violência”.
(Artigo publicado na última edição do Caderno de Artes Cultura.Sul)