“Deve Haver Mais Qualquer Coisa” é como se intitula a nova criação para teatro da associação folha de medronho. A estreia está agendada para o próximo domingo, pelas 17:00, no Cineteatro Louletano.
A peça é baseada no livro “Manifesto corvo”, do escritor espanhol Max Aub. A adaptação e dramaturgia é de Helena Malaquias. A encenação e o espaço cénico está a cargo de João de Mello Alvim.
Este trabalho surge de uma coprodução da folha de medronho e do Cineteatro Louletano, com o apoio da Câmara de Loulé e do GEPAC, e conta com as interpretações de Alexandra Diogo e Mariana Vasconcelos.
“O processo formal a que Max Aub recorre é, à partida, o de uma fantasia fabulosa, mas desde logo com laivos medonhamente paródicos”, explica a folha de medronho, acrescentando que “a distanciação criada através da personagem de um corvo e do seu frio registo científico parece querer indicar a impossibilidade de uma narrativa ficcional humana sobre um tal empreendimento, introduzindo uma outra visão dos campos de concentração: a de um jardim zoológico humano”.
O texto congrega e condensa características híbridas e paradoxais, incorporando literatura fantástica, realismo desapiedado, humor negro e inventividade literária. Radiografia de um campo de concentração e das estranhas formas de vida que nele surgem, a radicalidade reflexiva deste escrito transporta-o para um plano narrativo que tende a abarcar a humanidade como um todo – ou, pelo menos, a humanidade estatizada.
Porque a lógica corvina, livre dos antolhos humanos análise e só aparentemente absurda, leva a uma dissecação geral: se as mais avançadas relações humanas podem admitir a repetitiva indignidade de um campo de concentração, é porque este já faz parte dessas relações, que assim se tornam impensáveis, impondo a esta «história de Jacobo», o corvo, um desfecho inconclusivo: “Deve haver mais qualquer coisa”.
O bilhete custa 5 euros e pode ser reservado pelo telefone 289 414 604, pelo e-mail [email protected] ou adquirido online na BOL.