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Algumas tradições do Algarve vão estar representadas em esculturas a partir do próximo dia 17 de Março, em Vila Real de Santo António (VRSA), através de uma exposição de perto de três dezenas de obras pensadas e criadas por Carlos de Oliveira Correia.
Entre arame, ferro e madeira, o ‘Contrabandista’, o ‘Mocho’, a ‘Coruja’, o ‘Burro’, a ‘Cegonha’, o ‘Flamingo’, o ‘Cato’ e o ‘Camaleão’, em representação da zona de Monte Gordo, são apenas alguns dos trabalhos que vão poder ser vistos, gratuitamente, até depois do Verão, na Câmara de VRSA e na Praça Marquês de Pombal e ruas contíguas.
O objectivo é, “para além de divulgar as obras que faço, dar a satisfação de observá-las a quem lá passa”, diz Carlos Correia, até porque, garante, “são peças que enchem o olho”. “São esculturas de uma leitura muito simples e isso vai ao encontro das pessoas, que têm solicitado muito estes trabalhos”, refere.
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Conhecido pela autoria de obras como o ‘Cavaleiro da Ordem’, na rotunda Sul de Castro Marim, ou ‘O Polvo’, em Quarteira, o artista leva, pelo segundo ano consecutivo e a convite da autarquia, alguns dos seus trabalhos à única cidade raiana algarvia, onde espera “que as pessoas se sintam representadas”, algo que “certamente” acontecerá com o ‘Contrabandista’, característico das zonas limítrofes de Espanha. “Muita gente em Vila Real de Santo António teve ou conhece alguém que teve na família um contrabandista”, exemplifica.
“Até há muito pouco tempo, havia gente, nomeadamente na serra, que ia buscar água de burro”, continua o artista, fazendo alusão a uma das obras, que reproduz burros a carregar lenha.
Artista apresenta várias novidades
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Apesar de algumas das obras serem já conhecidas do público, o escultor promete novidades, levantando a ponta do véu: “Vamos ter ainda um memorial à paz e à liberdade, o ‘Salineiro’, o ‘Mural dos Burros’, uma descascadora de amêndoas, três bidões, o ‘Agricultor’ e os carrinhos-de-mão e umas pás’, revela Carlos Correia. “Umas mais do que outras mas todas marcarão as pessoas”, garante.
O autor da exposição regressa a VRSA depois de há cerca de um ano ter conquistado milhares de visitantes com o seu trabalho. “A exposição do ano passado permaneceu muito pouco tempo porque as peças tiveram de seguir para a ‘Algarve Nature Week’ e daí para Loulé”, explica. Contudo, “durante esse pouco tempo houve uma grande aceitação por parte das pessoas”. “Houve imensa gente a questionar por que a exposição tinha terminado e quando iria voltar e têm questionado a autarquia no sentido de voltar”, que agora fez a vontade.
Obras de Carlos Correia continuam a cultivar o Algarve
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Depois de dia 17, Carlos de Oliveira Correia inaugura, no dia 30 de Março, a réplica do hidroavião que Gago Coutinho e Sacadura Cabral usaram na histórica travessia do Atlântico Sul em 1922, que ficará patente no jardim envolvente às Piscinas Municipais de São Brás de Alportel.
A réplica do Fairey III D – o terceiro e último avião utilizado na viagem de oito mil quilómetros que ligou Lisboa ao Rio de Janeiro -, com 14,5 metros de entroncamento por 11,96 de comprimento, é o resultado de 20 toneladas de ferro trabalhadas pelo artista, na sua oficina em Campeiros, Castro Marim.
“Não deve falhar aqui nada em relação ao original: o número de cilindros, o motor, que era um Rolls-Royce, o radiador, o manípulo que põe o motor a trabalhar, as saídas de ar, a cruz de Cristo, ou até a esfera armilar com o escudo lá introduzido”, dizia o escultor ao Cultura.Sul na fase final da obra, em Novembro último.
Já no dia 1 de Maio a cerimónia de inauguração está marcada para Silves. Os ‘Corticeiros’ vão ser paisagem habitual no jardim e na rotunda em frente ao Tribunal da cidade, com três peças em cada local.
(Com Henrique Dias Freire)