
Normalmente é no interior de uma tenda que a magia do circo contemporâneo acontece. Neste caso, “a poesia transborda para o espaço público. As ruas, as paisagens, os edifícios, os transeuntes, a cultura e os hábitos de vida locais, são palco e inspiração para uma proposta acrobática e coreográfica site specific, à medida de cada território no qual a trupe XY se infiltra”, pode ler-se em nota de imprensa enviada ao POSTAL.
Durante uma semana, no passado mês de março, quatro elementos da companhia encontraram-se com as realidades de Aljezur e Monchique. Os elementos da trupe XY recolheram matéria-prima e descobriram um “paraíso frágil”.
Este colectivo de vinte acrobatas tem apresentado o seu estimulante trabalho um pouco por todo o mundo, aprofundando, nesta criação, a relação entre práticas artísticas e performance no espaço público.
Les Voyages é, assim, uma odisseia circense fora do comum, fortemente sensorial e visual, que assenta na ideia de sermos portadores de memória: “como nos transportamos, como somos transportados?”.

Deste modo, os artistas procuram “explorar a memória sensível, dos corpos e dos lugares. À permanência dos edifícios, acrescentam a vulnerabilidade do corpo humano, jogando com os limites físicos dos espaços. À escuridão de uma sala de teatro, preferem aqui experimentar o clarão de uma vila”.
Os espectáculos pretendem ser uma construção colectiva e silenciosa, em grande proximidade com as populações. Visto a companhia ser, ela mesma,” uma ode à diversidade – várias nacionalidades, mulheres, homens, jovens e mais experientes, mais esguios e mais robustos – esperamos nos dois grandes rendez-vous, um intercâmbio poético e cultural, uma aventura repleta de tesouros escondidos, que possam ecoar na memória de todos os que pertencem ou visitem o Alto da Serra e a Costa Vicentina”.
Pode assistir aos espetáculos nos dias 4 de maio pelas 18 horas, no Portinho da Arrifana, em Aljezur e 5 de maio pelas 16:30 horas, em Monchique, com partida do Largo dos Chorões.
(AC/HF)