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Em boa hora a União das Misericórdias Portuguesas resolveu realizar as suas 4as Jornadas Nacionais no Algarve, em Albufeira, com o tema: Museologia nas misericórdias.
Todos sabemos que à história secular das misericórdias portuguesas associamos a existência de um património diversificado e de grande riqueza cultural. Esse património é diverso em natureza, em antiguidade e em necessidades, todavia, é fundamental o seu estudo e salvaguarda, pois representam objectos que refletem o conhecimento sobre a instituição e sobre a comunidade em que se baseou e desenvolveu.
Nesta nota histórica relembrar também que na origem das misericórdias, sabe-se hoje que esteve uma intenção inicial de caratér político, da realeza, que no século XV quis organizar a assistência pelo país, incentivando a comunidade através das personalidades mais influentes a criar confrarias ou irmandades, e assim fundaram as misericórdias. Algumas derivaram mesmo de confrarias já pré-existentes.
É sobretudo pós-século XVII que se verifica um aumento da riqueza patrimonial nas misericórdias, que está não só associada aos legados testamentários, mas também às obras que foram concebendo, na medida em que se pratica e promove a benfeitoria pela obra.
Mas, os edifícios religiosos no Algarve registam-se desde a Pré-História assinaláveis edifícios de culto, conjuntos e recintos de cariz religioso. Com especial relevância podemos apontar entre os mais antigos testemunhos os templos funerários megalíticos com recintos cerimoniais conexos, como Alcalar e da época Proto-Histórica (com especial relevância para o santuário localizado na região do Cabo de São Vicente).
Da época Romana e da Antiguidade tardia há diversos testemunhos de templos (com relevância para o edifício de culto de Milreu). Para a época Islâmica dois testemunhos principais: o ribat da Arrifana e a almenara da antiga mesquita al-Uliã/Loulé, convertida pelos cristãos em torre da Igreja de São Clemente.
(Artigo publicado no Caderno de Artes Cultura.Sul)