Carlota Joaquina Teresa Caetana de Bourbon e Bourbon nasceu a 25 de abril de 1775, no Palácio Real de Aranjuez, em Espanha. Era a filha primogénita de D. Carlos IV, rei de Espanha, e da rainha D. Maria Luísa de Parma. Desde cedo, o seu futuro foi definido: deveria casar-se com o infante D. João de Portugal, herdeiro da coroa portuguesa.
A cerimónia de casamento realizou-se a 8 de maio de 1785, quando Carlota Joaquina tinha apenas dez anos e D. João contava 18. A jovem princesa não foi bem recebida na corte portuguesa devido à sua origem espanhola, mas encontrou apoio na rainha D. Maria I, que subira ao trono em 1777.
Os acontecimentos que mudariam a sua vida sucederam-se rapidamente. Em 11 de setembro de 1788, o príncipe herdeiro D. José, irmão mais velho de D. João, morreu vítima de varíola aos 27 anos. Assim, Carlota Joaquina e o marido passaram a ser os novos sucessores do trono.
Apesar de nunca ter aceite plenamente o destino imposto pelos pais, Carlota Joaquina tornou-se rainha consorte do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves. Em algumas ocasiões, assumiu a regência do país, mas a sua personalidade forte e determinada causou vários conflitos.
O seu comportamento gerou desagrado na corte e entre o povo. Era frequentemente acusada de influenciar D. João VI em favor da Coroa Espanhola e de estar envolvida em conspirações políticas. A sua reputação piorou com o tempo, tornando-se alvo de críticas e desconfiança.
As acusações de infidelidade também contribuíram para a sua má fama. Carlota Joaquina manteve vários relacionamentos extraconjugais, sendo apontados como seus amantes figuras como o Marquês de Marialva e até um cocheiro da Quinta do Ramalhão. Há até rumores de que D. Miguel, seu filho, seria fruto de uma dessas ligações.
Diz-se que a rainha teve um papel na criação da caipirinha. Teria misturado frutas com cachaça para fazer compotas, mas acabou por consumir a mistura com gelo, tornando-a numa bebida popular. Segundo a Vortex Magazine, relatos indicam que Carlota Joaquina consumia grandes quantidades de aguardente de cana, chegando a beber até 20 litros de caipirinha por dia.
A sua sede de poder e ambição política tornaram-se evidentes ao longo dos anos. Em 1806, D. João VI descobriu que a esposa conspirava contra ele, pois enviara uma carta ao seu pai, então rei de Espanha, incentivando-o a invadir Portugal. A partir desse momento, o casal afastou-se e a sua relação passou a ser marcada pela desconfiança.
As intrigas políticas acompanharam-na também no Brasil. Em 1808, Carlota Joaquina tentou assumir o comando do Vice-Reino do Rio da Prata e do Vice-Reino do Peru, argumentando ser a única representante legítima da casa de Bourbon que não se rendera ao domínio de Napoleão.
O seu envolvimento em conspirações políticas e a sua personalidade impositiva contribuíram para o seu isolamento nos últimos anos de vida. À medida que o tempo passava, a sua influência foi diminuindo e o seu afastamento da família tornou-se evidente.
A sua vida ficou marcada por escândalos e conflitos, mas também por uma presença ativa na política da época. Apesar da desconfiança que gerava, Carlota Joaquina nunca deixou de tentar exercer poder e influência nos bastidores do reino.
Com o passar dos anos, o seu estado de saúde deteriorou-se e, a 7 de janeiro de 1830, faleceu aos 54 anos. Algumas fontes sugerem que possa ter posto fim à própria vida, devido ao seu isolamento e à separação dos filhos.
Foi sepultada no Panteão Real da Dinastia de Bragança, no Mosteiro de São Vicente de Fora, em Lisboa. O seu túmulo encontra-se ao lado do de D. João VI, com quem teve uma relação marcada por desavenças e desconfiança.
Até aos dias de hoje, Carlota Joaquina continua a ser uma figura controversa da história portuguesa. Vista por alguns como uma mulher manipuladora e traiçoeira, é também reconhecida pelo seu papel nos acontecimentos políticos do seu tempo.
O seu nome permanece envolto em mistério e lendas, sendo associada a rumores que ainda despertam curiosidade entre historiadores e entusiastas da história. A sua vida, repleta de intrigas e polémicas, reflete bem o ambiente turbulento da corte portuguesa nos finais do século XVIII e inícios do século XIX.
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