Investigadores do Instituto Superior Técnico (IST) criaram o primeiro filete de peixe do mundo produzido em laboratório utilizando uma impressora 3D, sem necessidade de sacrifício animal. O projeto, desenvolvido no Instituto de Bioengenharia e Biociências (iBB), usa células de robalo cultivadas em laboratório e biotintas vegan para replicar a textura, sabor e aparência de um filete de peixe tradicional.
A técnica de bioimpressão permite construir o filete camada a camada, utilizando materiais comestíveis e seguros, incluindo microalgas, que conferem o sabor a mar. O protótipo é composto por secções fibrosas de músculo e gordura, imitando a consistência natural do peixe. A impressão 3D permite ainda a personalização do produto, ajustando a composição nutricional às necessidades específicas dos consumidores, como mais ómega-3 ou menor teor de gordura, explica o Expresso.
Frederico Ferreira, professor de Bioengenharia no IST, destaca a sustentabilidade do processo. A produção em laboratório elimina a necessidade de capturar peixes, reduz o desperdício e evita a contaminação com microplásticos, metais pesados e antibióticos presentes nos oceanos. Além disso, a tecnologia permite criar filetes sem espinhas nem escamas, facilitando o consumo.
A ideia nasceu numa aula de empreendedorismo e foi posteriormente financiada pelo Good Food Institute, com um investimento de 215 mil euros. O objetivo inicial era simples: ser a primeira equipa a criar um filete de robalo cultivado e impresso em 3D. O sucesso do projeto levou os investigadores a explorar novos desafios, como replicar o desenvolvimento muscular do peixe utilizando estimulação elétrica.
Atualmente, o projeto está focado na investigação científica, mas o futuro poderá trazer estes filetes para os mercados e restaurantes. Para Frederico Ferreira, o importante é oferecer alternativas seguras, nutricionalmente equilibradas e sustentáveis para uma população global em crescimento. O peixe feito atravé de uma impressora em 3D pode, assim, ser uma solução inovadora e amiga do ambiente para a alimentação do futuro.
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