Falta pouco mais de uma semana para o desfile de Carnaval de Loulé voltar à Avenida José da Costa Mealha e, como é habitual, vivem-se momentos de agitação na oficina onde tudo está a ser preparado.
Entre o cheiro a tinta, o pó no ar do esferovite trabalhado pelas mãos dos artistas e o colorido do papel para a confeção das flores, foi esta quarta-feira apresentada à Comunicação Social a edição de 2023 do mais antigo corso do país, um momento em que o autarca Vítor Aleixo foi o rosto da alegria pelo regresso do desfile à Avenida José da Costa Mealha, nos dias 19, 20 e 21 de fevereiro.
Este será com certeza “um Carnaval especial” já que durante dois anos seguidos os foliões não tiveram oportunidade de sair à rua para celebrar, travados pela pandemia e consequente confinamento. “Este ano há grande entusiasmo, uma ansiedade por voltar a ter a alegria, música, cor, os turistas, a luz daquela avenida com os carros alegóricos”, frisou o presidente da Câmara de Loulé.
Uma expetativa que se estende a toda a comunidade, “desde os pequeninos aos avós”. Aliás, o programa arranca logo na manhã de sexta-feira, dia 17, com o desfile das crianças das escolas que marcam presença no Carnaval Infantil em Loulé, Quarteira, Almancil ou Boliqueime.
Também o tema escolhido para esta edição está a gerar muita curiosidade, até porque “diz muito aos louletanos”. “Ó Zé… Já viste o Algarvensis?” vai ser uma paródia à candidatura a Geoparque, que em breve os municípios de Loulé, Albufeira e Silves irão apresentar junto da UNESCO, e ao achado paleontológico que a inspirou, uma salamandra gigante com 227 milhões de euros.
“No Carnaval os louletanos brincam com tudo”
“No Carnaval os louletanos brincam com tudo, até com uma descoberta única no mundo como esta, o Metoposaurus Algarvensis”, apontou Vítor Aleixo.
O desfile no “sambódromo louletano” vai contar 14 carros alegóricos, 10 grupos de animação, 3 escolas de samba, cabeçudos, gigantones, num total de perto de 600 animadores. Para colorir o cortejo, já foram adquiridas toneladas de confetis e está a ser confecionado cerca de 1 milhão de flores de papel que serão coladas aos carros. Perto de meia centena de bonecos de figuras bem conhecidas estão também a ser criados na Oficina por Paulo Madeira “Palhó” e a sua equipa que, com criatividade e perícia, conseguem dar vida às caricaturas de António Guterres, Vladimir Putin, Volodymyr Zelensky, Marcelo Rebelo de Sousa, Greta Thunberg, António Costa e muitos outros “convidados”. Um Carnaval onde só há um rei, Carlos III, o sucessor de Isabel II na Coroa britânica, também ele contemplado nesta sátira à moda louletana.
Vítor Aleixo recordou os tempos antigos, em que, em vez desta Oficina e dos funcionários municipais, era a população quem confecionava os carros. “Eram organizados não num armazém como este… Cada bairro da cidade, cada freguesia do concelho, cheia de orgulho, competia para saber quem é que trazia ao desfile o carro mais bonito. Eram as pessoas que cerravam, pregavam, colavam as flores…”, lembrou.
Mas se esta foi uma tradição que se perdeu, as outras estão bem vivas e o Carnaval de Loulé “continua de boa saúde e cada vez a atrair mais pessoas”. E este ano pode mesmo haver um acréscimo no número de visitantes – que por norma ronda entre os 60 e os 80 mil – já que o interregno de dois anos deixou saudades.
O impacto na economia prevê-se que, mais uma vez, seja substancial, nesta que ainda é a época baixa do turismo algarvio. “São muitos milhares de turistas que acorrem ao Carnaval de Loulé, conhecido internacionalmente. A restauração, as camas hoteleiras, os alugueres de transportes vão estar numa grande azáfama a laborar o que vai ter com certeza um impacto na nossa economia local bastante positivo, como é habitual”.
O bilhete de entrada no corso tem um valor simbólico de 2 euros e as receitas revertem, em 50%, para as 10 associações que vão desfilar, sendo os restantes 50% atribuídos a IPSS do concelho.
O investimento municipal, este ano, para o Carnaval de Loulé é de “mais de 400 mil euros” e está inscrito no Orçamento Municipal para 2023.