Cerca de 20 alunos surdos do Algarve vão participar num ensaio geral da Orquestra do Algarve e tomar contacto com os instrumentos, numa ação que conta com a companhia teatral ACTA e um agrupamento de escolas, disse o formador.
A iniciativa, a realizar-se no dia 30, no auditório Pedro Ruivo, em Faro, é promovida pela ACTA – A Companhia de Teatro do Algarve, o agrupamento de escolas João de Deus, de Faro, o Centro de Formação de Professores Ria Formosa e a Orquestra do Algarve, conta com apoio da Rede de Teatros e Cineteatros Portugueses, e vai dar aos alunos surdos da região o contacto com a música e os instrumentos da orquestra, destacou o professor Paulo Cunha.
Professor de Educação Musical para alunos surdos no Algarve há mais de 20 anos, Paulo Cunha explicou à agência Lusa que esta ação de formação surge na sequência de outra realizada a 12 de maio, em Lisboa, com a Orquestra Metropolitana de Lisboa, que teve um cariz “teórico” e na qual pôde partilhar a aprendizagem mantida com estes alunos ao longo de duas décadas.
“E um antigo aluno meu, que neste momento é a pessoa que dirige agora o coro comunitário da Orquestra do Algarve, o cantor lírico Rui Baeta, tendo sabido que eu tinha estado em Lisboa, e estando a colaborar neste momento com a Orquestra do Algarve, lançou-me o repto de fazer o mesmo e, além da componente teórica, também fazer uma componente prática, colocando a Orquestra do Algarve à disposição dos alunos surdos”, contou.
Paulo Cunha explicou que a escola de Santo António, do agrupamento João de Deus, acolhe os alunos com problemas de audição de todo o Algarve, do primeiro ciclo ao secundário, e esclareceu que leciona Educação Musical com eles desde o segundo até ao final do terceiro ciclo.
Por isso, propôs à Orquestra do Algarve e à ACTA a realização de uma “ação de formação, para professores de Educação Musical e para professores de Língua Gestual Portuguesa, que versasse precisamente a Educação Musical para Surdos”.
Paulo Cunha realçou que a Educação Musical para Surdos “é uma disciplina que não existe nas universidades, que não se ensina”, e manifestou a vontade de esta ação de formação se constituir num elemento “importante” para “no futuro proporcionar, continuamente, o acesso dos surdos aos eventos culturais, de cariz teatral e de cariz musical”.
“Vamos ter neste dia a componente prática da ação, com 20 professores de Educação Musical e Língua Gestual Portuguesa, cerca de 20 alunos surdos, a totalidade dos alunos que temos [no Algarve], e vai ser algo diferente, original e, se calhar, inusitado, porque além de irem vivenciar o ensaio geral com a orquestra, no final – e falei nisso com o maestro –, vamos poder colocá-los a tocar com a Orquestra”, realçou.
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