A história de Portugal é longa, rica e repleta de momentos marcantes. Identificar um único evento como o “nascimento oficial” do país é, no mínimo, um desafio. Ao contrário de outras nações que têm uma data precisa para comemorar a sua independência ou criação, Portugal formou-se ao longo de décadas, através de batalhas, tratados e reconhecimentos diplomáticos. Assim, surge a questão: qual seria a data ideal para celebrar o aniversário da nação portuguesa?
O Dia de Portugal e a complexidade histórica
O Dia de Portugal, celebrado a 10 de junho, é conhecido como o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. Contudo, esta data não está diretamente ligada à fundação do país. Na realidade, este dia presta homenagem a Luís de Camões, um dos maiores poetas da língua portuguesa, bem como às comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo. Embora represente um símbolo de união e patriotismo, não corresponde a um marco fundacional.
Em muitas nações, a celebração da independência ou de outro momento decisivo é escolhida como o aniversário nacional. No caso de Portugal, a formação do país não resultou de um único evento, mas de um processo que se desenrolou ao longo de quase 50 anos. Abaixo, analisamos algumas datas que poderiam ser consideradas como o “nascimento” de Portugal.
Datas cruciais na história de Portugal
1. A Batalha de São Mamede – 24 de junho de 1128
A Batalha de São Mamede, travada nos arredores de Guimarães, é frequentemente vista como o primeiro grande passo para a formação de Portugal. Neste confronto, D. Afonso Henriques derrotou as forças da sua mãe, D. Teresa, e do conde galego Fernão Peres de Trava, consolidando o seu poder no Condado Portucalense.
Embora Portugal ainda não fosse um reino independente, esta vitória foi decisiva para afirmar a liderança de D. Afonso Henriques e marcar o início do caminho rumo à autonomia.
2. A Batalha de Ourique – 25 de julho de 1139
Outro momento importante é a Batalha de Ourique, onde D. Afonso Henriques enfrentou e venceu uma coligação de forças mouras. Segundo a tradição, antes da batalha, o futuro rei teve uma visão de Cristo, que lhe garantiu a vitória. Após o triunfo, D. Afonso Henriques proclamou-se “Rei de Portugal”.
Este evento foi crucial, tanto pela consolidação territorial como pelo simbolismo de um reino em ascensão.
3. O Tratado de Zamora – 5 de outubro de 1143
O Tratado de Zamora representa um marco importante, pois foi aqui que D. Afonso VII de Leão e Castela reconheceu D. Afonso Henriques como rei. Este tratado formalizou a paz entre os dois reinos, separando oficialmente o Reino de Portugal do Reino de Leão, embora sob uma relação nominal de suserania.
Este momento pode ser interpretado como a fundação de Portugal enquanto entidade política independente.
4. A Bula “Manifestis Probatum” – 23 de maio de 1179
A confirmação definitiva da independência portuguesa veio em 1179, quando o Papa Alexandre III emitiu a bula Manifestis Probatum. Este documento reconheceu oficialmente D. Afonso Henriques como rei e Portugal como um reino independente de Leão.
Este reconhecimento pela Igreja Católica teve grande importância, pois garantiu a legitimidade internacional de Portugal enquanto nação soberana.
Qual a data a escolher?
Se fosse necessário eleger uma data para celebrar o aniversário de Portugal, todas as acima mencionadas têm relevância histórica e simbólica. A escolha dependeria da forma como se interpreta a formação de um país:
- 24 de junho de 1128: simboliza o primeiro passo significativo, com a Batalha de São Mamede.
- 25 de julho de 1139: destaca-se como o momento em que Portugal se tornou um reino, após a Batalha de Ourique.
- 5 de outubro de 1143: marca o reconhecimento político, com o Tratado de Zamora.
- 23 de maio de 1179: reforça o reconhecimento internacional, com a bula Manifestis Probatum.
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