Diariamente, as empresas ligadas ao setor automóvel e à produção de componentes de hardware e software anunciam inovações e melhorias que visam não apenas uma produção mais eficiente, mas também a busca por preços mais competitivos. As marcas de automóveis estão empenhadas em expandir a oferta de carros elétricos, no entanto, o público em geral ainda hesita na hora de adquirir um automóvel elétrico. Saiba agora mais sobre o tema com a ajuda do Ekonomista.
É necessário ponderar diversos aspetos, como o preço, que atualmente continua elevado quando comparado com carros movidos a combustíveis fósseis. No entanto, este não é o único fator a ser considerado.
A autonomia do veículo, os tempos de recarga da bateria, os custos associados ao carregamento e a disponibilidade de uma rede pública que assegure um carregamento tranquilo, minimizando a preocupação de ficar sem energia na bateria, são outras preocupações que entram na equação.
Nem todos têm a possibilidade de carregar a bateria nas suas residências. Aqueles que vivem em condomínios ou não têm uma garagem onde possam estacionar o veículo enfrentam desafios adicionais. Essas questões precisam ser resolvidas antes da aquisição do veículo.
Por que os carros elétricos são tão caros?
Existem várias razões para que os preços ainda sejam elevados, embora algumas marcas, como a Citroën, estejam a planear produzir automóveis elétricos com preços abaixo dos 20 mil euros. Mesmo assim, apesar do preço mais acessível, é preciso reconhecer que ainda está fora do alcance de muitos consumidores.
Alguns fatores que influenciam o preço dos veículos elétricos, segundo o Ekonomista:
- “Baterias: a maior parte do custo de um carro elétrico vem das baterias. Estas são caras de produzir e representam uma grande parte do custo total do veículo;
- Motor elétrico: o motor de um carro elétrico pode custar até 40% do valor total do veículo;
- Custos de produção: a produção de um carro elétrico é mais cara do que a de um carro a combustão. Por exemplo, a produção de um carro elétrico compacto do segmento C pode custar cerca de 20.200€, enquanto a de um carro a combustão do mesmo segmento pode custar cerca de 13.900€;
- Escassez de materiais: a escassez de matérias-primas como o lítio, que é essencial para a produção de baterias, também contribui para o superior custo dos carros elétricos;
- Procura e oferta: a procura por carros elétricos é alta, mas ainda assim os construtores têm pouca motivação para vender modelos mais baratos. No entanto, a expetativa é que o custo dos carros elétricos diminua à medida que a tecnologia é aperfeiçoada e amplamente utilizada”.
Quanto custa a produção de uma bateria?
A bateria, responsável por armazenar a energia necessária para mover o motor e todos os outros componentes elétricos, é a peça mais dispendiosa na produção, representando assim uma parcela significativa do custo total do veículo.
Atualmente, o custo de uma bateria de um carro elétrico ultrapassa os 30% do valor total do veículo. Isso ocorre devido ao elevado preço de elementos essenciais para a sua construção, como o lítio, níquel, cobalto e magnésio.
Os custos associados à extração desses elementos compõem mais da metade do custo total da bateria.
No entanto, os custos estão a diminuir mais rapidamente do que inicialmente antecipado, sugerindo que os carros elétricos poderão, num futuro próximo, atingir um preço mais acessível, equiparando-se aos automóveis tradicionais.
Contrariamente, um estudo recente promovido pelo diário económico Financial Times e realizado pela consultora externa Oliver Wyman, revela uma perspetiva diferente.
A situação ainda não está tão otimizada como se previa em 2020. Segundo a Oliver Wyman, mesmo em 2030, quando se prevê que o custo por quilowatt-hora (kWh) nas baterias diminua cerca de 15% em comparação com os preços atuais, os veículos elétricos deverão ser aproximadamente 9% mais caros de produzir.
Por outro lado, os automóveis tradicionais, com motores térmicos, terão um aumento nos custos de produção, cerca de 14.600 euros, representando um incremento de 5% em relação aos custos atuais.
Conclui-se que o aumento nos custos de produção de um veículo elétrico é atribuído à cadeia cinemática, que inclui o motor elétrico e o conjunto de baterias, totalizando, segundo a consultora, cerca de 6.700 euros.
Em comparação, nos veículos a combustão, a produção do motor e de todos os componentes acessórios totalizam 5.200 euros, ou seja, 1.500 euros a menos do que num veículo elétrico.
O que pode levar à redução dos preços?
De acordo com o Ekonomista, vários fatores podem contribuir para a redução dos custos de produção de carros elétricos:
- “Avanços tecnológicos: o progresso da tecnologia, especialmente das baterias, pode contribuir para diminuir significativamente o custo de produção dos componentes;
- Aumento da procura: com o aumento da procura por carros elétricos existe a possibilidade real dos custos de produção diminuírem devido à economia de escala;
- Redução do preço das baterias: a descida do preço das matérias-primas, o aumento da densidade energética e da capacidade de produção e o menor desperdício podem contribuir para a redução do preço das baterias;
- Utilização de plataformas próprias: a utilização de plataformas próprias, em vez de chassis adaptados, contribuirá para a descida do preço dos automóveis elétricos. Com chassis próprios, a montagem de automóveis é mais simples, fator que influenciará a redução dos custos de produção;
- Incentivo estatal: o incentivo do Estado para a aquisição de carros elétricos é fator de ajuda ao torná-los mais acessíveis”.
Quais são os custos médios de produção?
- Segmento C: No primeiro semestre de 2022, o preço médio de um carro elétrico neste segmento na Europa foi de aproximadamente 55.821 euros. Contudo, esse valor pode variar dependendo do modelo e do fabricante.
- Segmento SUV: Este é, sem dúvida, o segmento em voga. Todas as marcas almejam uma parte da quota de mercado dos SUV, sejam eles generalistas, familiares, desportivos ou de luxo. Os preços dos SUV elétricos apresentam uma considerável variação: o Peugeot e-2008 tem preços a partir de 37 mil euros, enquanto o Ford Mustang Mach-E tem preços a começar nos 50 mil euros. No entanto, há modelos disponíveis por menos de 40.000€.
- Segmento Desportivo: Neste segmento, também se verificam grandes discrepâncias nos preços. A título de exemplo, o Ford Mustang Mach-E GT Extended Range é proposto por 83.933,43 euros; enquanto o Audi Q4 Sportback tem um preço a partir de 53.179 euros.
O poder da tributação automóvel pode limitar o futuro?
Se o incentivo fiscal do Estado (no caso de Portugal) para a compra de automóveis elétricos é amplamente aceite pela maioria dos potenciais compradores, a sua ausência certamente terá um impacto negativo na possibilidade de compra.
Isso acontece porque, ao promover a aquisição de automóveis elétricos, especialmente por empresas devido ao seu potencial, o Estado perde receitas fiscais associadas à compra de veículos movidos a combustíveis fósseis.
Dessa forma, é possível que, em algum momento, o futuro da tributação dos carros elétricos sofra alterações, como um aumento na tributação autónoma em sede de IRC para carros elétricos adquiridos por empresas e uma redução progressiva dos incentivos fiscais destinados às empresas na compra de veículos elétricos.
É certo que os incentivos concedidos aos particulares são igualmente apreciados, mas, à semelhança dos concedidos às empresas, também podem ser objeto de análise e ajuste em algum momento.
Leia também: É permitido estacionar o carro em frente à minha própria garagem?