Portugal tem agora dois meses para avançar com a transposição da Diretiva Eurovinheta, depois de Bruxelas ter emitido um ultimato ao país. Em causa está a falha no cumprimento das normas comuns sobre a tributação de portagens do uso das infraestruturas rodoviárias por veículos pesados, uma obrigação que decorre da integração na União Europeia (UE).
O que está em causa?
A Diretiva Eurovinheta, aprovada pela UE, regula as taxas e portagens aplicadas a veículos pesados de transporte de mercadorias. A legislação visa promover uma utilização mais sustentável das estradas europeias, aplicando os princípios do utilizador-pagador e do poluidor-pagador, como avança o Pplware.
De acordo com a diretiva, os custos devem refletir não só as despesas com a construção e manutenção das vias, mas também o impacto ambiental causado pelos veículos que as utilizam. Portugal, juntamente com outros sete Estados-membros, ainda não adaptou o quadro legal nacional a estas novas exigências europeias.
Principais pontos da Diretiva Eurovinheta
A diretiva introduz uma série de medidas e normas que os Estados-membros devem seguir caso optem por aplicar portagens ou taxas aos transportes rodoviários:
- Custos diferenciados: As taxas podem ser ajustadas com base em fatores como:
- Distância percorrida pelo veículo.
- Tipo de infraestrutura rodoviária utilizada.
- Nível de emissões dos veículos (normas EURO 0 a EURO VI).
- Promoção da sustentabilidade: O modelo pretende incentivar o uso de veículos mais ecológicos, oferecendo tarifas reduzidas para os menos poluentes. A iniciativa também procura diminuir o tráfego rodoviário, incentivando alternativas mais sustentáveis, como o transporte ferroviário ou fluvial.
- Flexibilidade nacional: Embora a implementação de portagens não seja obrigatória, os países que decidam aplicar este sistema devem seguir os critérios definidos na diretiva. Exceções podem ser feitas para veículos específicos, como autocarros, veículos de emergência ou de serviços públicos.
A posição de Bruxelas
A Comissão Europeia identificou que Portugal e outros sete países falharam no prazo para transpor a diretiva para a legislação nacional. De acordo com o comunicado oficial, Portugal dispõe agora de dois meses para cumprir a exigência comunitária. Caso contrário, Bruxelas poderá avançar para sanções junto do Tribunal de Justiça da União Europeia (TJUE).
Impacto para Portugal
A não transposição desta diretiva coloca Portugal em risco de enfrentar penalizações financeiras, além de atrasar a adaptação do setor dos transportes a práticas mais sustentáveis e alinhadas com as metas ambientais europeias.
Para as transportadoras, a aplicação das novas regras poderá significar um ajuste de custos, mas também a oportunidade de beneficiar de tarifas mais baixas com a renovação das frotas para veículos menos poluentes.
Portugal, que tem procurado equilibrar as exigências comunitárias com as necessidades das suas infraestruturas rodoviárias, terá agora de acelerar o processo legislativo para evitar um confronto direto com a Comissão Europeia.
O desenvolvimento desta situação será seguido com atenção, tendo em conta o impacto que poderá ter não apenas no setor dos transportes, mas também no cumprimento das metas ambientais impostas pela União Europeia.
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