O presidente da Associação Portuguesa dos Profissionais do Setor Funerário (APPSF) disse que a sustentabilidade do setor funerário tem avançado devagar e que hoje já é consensual que o uso de urnas ecológicas não aumenta os custos.
“Há toda uma sensibilização [sobre sustentabilidade] que foi lenta mas chegou a bom porto. Havia o tabu de que isso ia incrementar muito o custo do funeral. O funeral tem um custo médio de 1.800 euros” pelo que o fator ambiental “nem 10 euros aumentou”, afirma Paulo Carreira a propósito da sustentabilidade no setor.
Paulo Carreira, que é também diretor-geral da Servilusa, atualmente a maior empresa de serviços funerários em Portugal e que, segundo o responsável, é a que tem liderado todo o processo de modernizar o setor.
Além de diretor-geral da Servilusa e fundador da APPSF, é diretor da Federação Europeia de Associações de Serviços Funerários (EFFS), reeleito em outubro do ano passado, em representação dos países até 15 milhões de habitantes, e coordenador do grupo de trabalho de Sustentabilidade da Associação Mundial de Funerárias (FIAT-IFTA).
“Temos liderado um pouco todo o processo” de inovação e profissionalismo “e na sustentabilidade”, diz, explicando: “Alertámos, visitámos algumas câmaras municipais que são as principais promotoras dos cemitérios, pedimos para fazer um estudo sobre a reação de madeiras à matéria orgânica, sugerimos regulamentação na área da qualidade”.
Depois, acrescenta, com o mesmo objetivo foi feita uma comissão técnica, juntando os principais construtores de urnas, gestores de cemitérios, agências funerárias, associações do setor, que criou uma norma, publicada pelo Instituto Português da Qualidade, no sentido de “criar urnas que fossem ambientalmente sustentáveis”, com madeira certificada, sem produtos sintéticos e sem poliéster ou plástico no interior.
Uma urna, explica, que levasse o corpo a entrar facilmente em decomposição.
Hoje na Servilusa, diz, todas as urnas são ecológicas, e se há muitas empresas que não seguem os mesmos padrões há também, garante, maior sensibilização.
O responsável diz que era importante regulamentação mas admite que um setor que movimenta 350 milhões de euros “não é uma prioridade para o Estado”.
“Eu na verdade não precisaria que o Estado regulamentasse, precisava mesmo era que os empresários fossem mais conscientes. Todos os fornecedores fabricam urnas sustentáveis, se lhe pedirem”, afirma.
A Federação Europeia de Serviços Funerários lançou em 2005 uma norma de práticas funerárias, para nivelar os requisitos mínimos para uma agência funerária, um processo que foi revisto em 2019, referiu, dizendo que há muito ainda a fazer em Portugal.
“A Alemanha tem licenciatura em agente funerário, tem uma escola, estão noutro patamar, como a França”, observa.
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