A única certeza que temos sobre Mariupol é que o horror pode ser muito maior do que tememos. E o número de mortos também. Os ucranianos já denunciaram a existência de valas comuns – comprovadas por imagens de satélite agora divulgadas – onde estão sepultados (cerca de) nove mil corpos mas o número real deve ser maior. Muito maior, como alertou Petro Andryushchenko, assessor do autarca de Mariupol.
As imagens de satélite divulgadas esta sexta feira mostram a dimensão do número de enterros em massa nos arredores da cidade de Mariupol. São campos e campos como este (de acordo com a BBC que mostra as imagens ao longo de vários dias), onde estão corpos de pessoas que não resistiram aos bombardeamentos, à fome, à falta de água e condições mínimas de salubridade.
As imagens de satélite recolhidas recentemente pela empresa americana Maxar Technologies – divulgadas esta sexta-feira – só vêm confirmar este temor, revelando a existência de uma vala comum com mais de 200 corpos em Manhush, uma pequena vila a oeste de Mariupol.
Não houve tréguas neste 58º dia de guerra, marcado por nova tentativa gorada de evacuar civis. A vice-primeira-ministra ucraniana, Iryna Vereshchuk, disse não existirem condições para abrir nenhum corredor humanitário esta sexta-feira: “É muito perigoso”, disse Iryna pedindo mais uma vez aos civis para “serem pacientes e seguirem firmes”.
Os bombardeamentos sobre a siderurgia de Mariupol que abriga a população civil que permanece na cidade não param: “Todos os dias caem várias bombas em Azovstal”, lembra Petro Andryushchenko, assessor do presidente da Câmara, num grito de denúncia que se repete sem parar. Os combates e os bombardeamentos não param.
Tudo indica que os combates poderão continuar até que as forças ucranianas hasteiem uma “bandeira branca na siderurgia Azovstal”, como disse o general russo Mikhail Mizintsev, citado pela agência Tass (de acordo com o twitter partilhado acima).
Cada dia de combate é um dia de mortos, um dia que mais tarde levará o mundo a ver imagens de mais valas comuns.
- Texto: Expresso, jornal parceiro do POSTAL