Os trabalhadores do Grupo JJW Hotels & Resorts, detido pelo sheik Mohamed Bin Issa Al Jaber, decidiram avançar para um dia de greve a 12 de junho.
Os trabalhadores exigem o pagamento dos salários em atraso e o cumprimento dos seus direitos. Há trabalhadores que dizem “não ter recebido ainda a totalidade do salário do mês de março e outros ainda não receberam nada do mês de abril, além de já estar também em atraso o salário do mês de maio”, denuncia o sindicato em comunicado.
Mais uma vez, quando a direcção da empresa teve conhecimento de que os trabalhadores se estavam a organizar para participar no plenário de ontem, “os trabalhadores foram confrontados com uma nova promessa, que mais uma vez não foi cumprida na integra, e com telefonemas dos superiores hierárquicos para que os trabalhadores não participassem no plenário”, pode ler-se no comunicado.
O Sindicato da Hotelaria do Algarve apela “aos trabalhadores para reforçarem a sua unidade e mobilização para a luta, exortando desde já todos os trabalhadores a aderirem à greve do dia 12 de junho”.
Entretanto o sindicato diz que vai “enviar um pedido de reunião à administração para tentar evitar a greve”.
BE denuncia situação e exige intervenção do Governo
Também o Secretariado da Comissão Coordenadora Distrital do Algarve do Bloco de Esquerda (BE) denunciou a situação, no passado sábado.
Segundo o Bloco de Esquerda, “toda esta situação tem a ver com os salários que não estão a ser pagos aos trabalhadores do grupo hoteleiro JJW Hotels & Resorts detido por Mohamed Bin Issa Al Jaber, que em 2013 era apontado pelo Revista Forbes como uma das pessoas mais ricas do mundo”.
O grupo hoteleiro internacional de luxo, JJW Hotels & Resorts, em Portugal, detém o Hotel Penina & Golf Resort (Alvor), o Hotel Dona Filipa (Vale de Lobo), o Hotel Formosa Park (Ancão) e os campos de golfe de San Lorenzo e Pinheiros Altos (Quinta do Lago).
Trata-se de uma situação que, inclusivamente, já se arrastava antes do início da pandemia da Covid-19, em que o grupo hoteleiro já sofria de atrasos no pagamento dos salários aos seus colaboradores. O problema agravou-se com a crise provocada pela pandemia da Covid-19, o que fez com que alguns trabalhadores do grupo passassem fome, levando assim à reabertura do refeitório do Hotel Penina & Golf Resort, em Alvor, para que algumas pessoas tivessem acesso às refeições, denuncia o BE.
O BE adianta que já foram feitas manifestações à porta de um dos filhos dos proprietários do grupo, que reside no Algarve.
Ainda no passado dia 23 de maio, quando estava marcada mais uma manifestação dos trabalhadores, a Administração do Grupo convocou uma reunião onde prometeu pagar os salários em atraso. Só esta sexta-feira, dia 29 de maio, foi pago a alguns trabalhadores uma parte dos salário de abril.
Tal situação revela-se inadmissível para o Bloco de Esquerda, devendo o Governo intervir com urgência para que o grupo hoteleiro pague os salários devidos aos trabalhadores, limitando assim o agravamento da situação social no Algarve, uma região que depende em mais de 80% do turismo.
Desta forma, os deputados João Vasconcelos, José Soeiro e Isabel Pires, do Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda, dirigiram ao Governo (nesta sexta-feira), através do Ministério do Trabalho e da Segurança Social, as seguintes perguntas:
1) Tem o Governo conhecimento da situação acima descrita?
2) Vai o Governo intervir para obrigar o Grupo JJW Hotels & Resorts a pagar com urgência os salários em atraso aos seus trabalhadores?
3) Que medidas prevê o Governo tomar para auxiliar os trabalhadores do grupo hoteleiro se continuarem com os salários em atraso?