No último ano, milhares de pessoas viram o seu subsídio de desemprego ser cancelado devido ao incumprimento das regras associadas a esta prestação. Um novo relatório do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) revela que várias situações levaram à anulação do apoio, incluindo dificuldades no cumprimento das obrigações e problemas na comunicação entre os serviços e os desempregados.
Aumento das anulações em 2024
De acordo com o documento, foram registadas 6.232 anulações de inscrição de beneficiários do subsídio de desemprego, um aumento de 15,3% face ao ano anterior. A maioria dos casos está relacionada com a falta de resposta às convocatórias dos centros de emprego, um requisito obrigatório para manter o apoio.
Falta às convocatórias é o motivo principal
Segundo a Eco, entre as anulações, mais de quatro mil (76%) deveram-se à ausência dos beneficiários nas convocatórias dos serviços de emprego. Outras razões incluíram a falta de prova de procura ativa de trabalho (12%), a não comparência em entidades de acompanhamento (5%) e a recusa de ofertas de emprego consideradas adequadas (2,5%).
Problemas com notificações e entregas postais
Dos desempregados que perderam o subsídio, 834 recorreram da decisão, argumentando, em muitos casos, que não receberam as convocatórias. Entre estes, 151 alegaram mudança de morada e 124 referiram falhas na distribuição dos CTT.
Questões na distribuição de correio
O relatório do IEFP destaca que há anos se verificam problemas na entrega das convocatórias. Residências precárias, bairros degradados e caixas de correio em más condições são apontados como fatores que dificultam a comunicação entre os serviços e os beneficiários.
Impacto na população imigrante
O documento sublinha ainda que a crescente presença de imigrantes entre os desempregados tem impacto nestes números. A mobilidade geográfica e as dificuldades linguísticas contribuem para o incumprimento das obrigações associadas ao subsídio de desemprego.
Doença e falhas no sistema de notificações
Além dos problemas postais, 114 dos recorrentes justificaram a falta com problemas de saúde, enquanto 58 apontaram dificuldades com o sistema de notificações eletrónicas.
A maioria das decisões confirma anulação
Entre os mais de 800 recursos apresentados ao IEFP, quase 70% resultaram na manutenção da decisão inicial. No entanto, 79 beneficiários conseguiram recuperar o subsídio, enquanto em 142 casos o recurso foi extinto por outros motivos.
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Perfil dos recorrentes
A análise dos dados revela que um número crescente de estrangeiros está entre os que recorrem da decisão. O IEFP destaca que 40,9% dos recorrentes não são cidadãos portugueses de nascimento, um aumento face ao ano anterior.
Barreiras à integração no mercado de trabalho
A dificuldade na língua portuguesa e a falta de conhecimento sobre o funcionamento das instituições são desafios que afetam a integração destes cidadãos na sociedade e no mercado de trabalho.
Necessidade de novas políticas públicas
Face a este cenário, o relatório do IEFP defende que é urgente repensar as estratégias de apoio ao emprego e à formação profissional. Além disso, sugere melhorias nos mecanismos de comunicação entre os serviços e os beneficiários.
O papel da segurança social
A necessidade de garantir uma melhor articulação entre os diferentes organismos públicos é também destacada no relatório. O objetivo é evitar que falhas administrativas levem à perda de apoios essenciais para muitas famílias.
Impacto no acesso ao emprego
A perda do subsídio pode dificultar a reinserção profissional, tornando ainda mais complicado o regresso ao mercado de trabalho, sobretudo para aqueles que enfrentam maiores dificuldades sociais e económicas.
Desafios para o futuro
A tendência de aumento nas anulações do subsídio de desemprego levanta questões sobre a eficácia dos atuais mecanismos de controlo e apoio ao emprego. O relatório do IEFP sugere que serão necessárias medidas adicionais para garantir que os beneficiários compreendem e cumprem as regras, evitando cortes indevidos no apoio.
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