Os sinos da Sé Catedral de Faro foram retirados no início do mês e só voltarão ao seu lugar depois de restaurados, num processo que o Cónego José Pedro Martins disse ao POSTAL “irá demorar cerca de dois meses”.
O investimento da Fábrica do Cabido da Sé de Faro nesta obra, que contempla a instalação de um sistema automatizado de toques para assinalar as horas do dia, as missas e outras celebrações religiosas, ronda valores da ordem dos 14 a 16 mil euros e é suportado a partir do dinheiro apurado com as entradas pagas pelos visitantes do monumento para acederem ao museu e ao complexo da Catedral.
Quanto à necessidade da intervenção as palavras do Cónego dizem tudo, “meu Deus, não me recordo da última vez que os ouvi tocar normalmente”.
Os sinos tinham uma total descoordenação no toque e os apoios muito degradados, o que tornou inadiável a obra de restauro que abrangerá ainda a zona de suporte dos elementos sineiros na torre. O relógio era outro elemento da torre de entrada da igreja, torre da galilé, que não funcionava.
Ao POSTAL o religioso afirmou ainda que “não se podia esperar pela intervenção no exterior da torre da galilé, a realizar ao abrigo do projecto Rota das Catedrais, para realizar a obra” que agora decorre.
Seguem-se, de acordo com a mesma fonte outras intervenções na igreja da Sé, sendo que a primeira delas diz respeito ao restauro do coro alto da Catedral, zona sobranceira à entrada da Sé Catedral de Faro.
Projecto de obras da Sé com apoio do estado caiu por terra
O projecto Rota das Catedrais, que pretendia com o apoio da Administração Central do Estado modernizar e valorizar todas as catedrais do país, chegou a dar origem a um protocolo de intervenção na Sé de Faro entre a Fábrica do Cabido da Sé de Faro, a Câmara Municipal da cidade e a Direcção Regional de Cultura do Algarve, com um investimento que tinha previsto o gasto de mais de dois milhões de euros, segundo o protocolo a que o POSTAL teve acesso.
O projecto e o protocolo, que previa obras calendarizadas entre 2011 e 2013, chegaram mesmo à fase de concurso tendo entretanto “o concurso público sido abandonado por falta de verbas”, disse ao POSTAL Alexandra Gonçalves, directora regional de Cultura.
“O protocolo cessou a sua vigência por ter chegado ao termo da sua latitude temporal, sem que as obras avançassem, embora muito trabalho tivesse sido realizado ao nível dos projectos”, diz a responsável da Cultura.
Saber se voltará a haver um projecto da mesma tipologia a contar com o apoio do Estado é algo que a esta altura é impossível de prever, tudo dependerá, diz Alexandra Gonçalves, “da possibilidade, ou não, de incluir algumas das intervenções no âmbito do próximo quadro de fundos de apoio da União Europeia e do Estado”, cujos termos de referência finais ainda se encontram em fase de definição final.
A História da Sé
Erigida sobre uma basílica paleocristã e uma mesquita, a Sé Catedral de Faro – só assim denominada depois de ter sido classificada como Sé Catedral em 1577 – foi terminada no século XIII, último quartel de 1200, embora alguns autores definam a data de termo da sua construção no primeiro quartel de 1300.
A Sé de Faro é caracterizada por diferentes estilos de arquitectura religiosa, concordantes com as diversas intervenções profundas de que o edifício foi sendo alvo ao longo dos séculos, nomeadamente no século XV, nas obras de recuperação após as tropas inglesas lhe terem deitado fogo em 1596 e nas de reconstrução após os terramotos de 1722 e 1755.