Filomena tem 64 anos, está reformada e vive sozinha no Algarve. É uma das 210 famílias que pede ajuda alimentar à Refood em Faro.
“Por questões de saúde estive de baixa porque fui operada duas vezes à coluna cervical. A profissão de auxiliar de ação médica é uma profissão muito pesada pelo que não podia mesmo trabalhar, então tiveram de rescindir o contrato. A partir daí fiquei sem nada, com renda para pagar, com despesas, tudo para pagar e sozinha. Se não fosse a Refood eu não conseguia sobreviver”, conta a mulher à TVI/CNN Portugal.
A mulher recebe 490 euros de reforma e só em renda de casa paga 300 euros. Filomena revela à mesma fonte que deixou de ter vergonha para pedir ajuda.
“Eu tive vergonha que as minhas amigas vissem que eu pedia comida. Deixei de ter vergonha porque comecei a pensar ‘ninguém me vai dar nada’. Eu tenho vergonha, mas ninguém me vai dar nada”.
O problema deixou há muito de ser exclusivo das classes mais desfavorecidas, a classe média é cada vez mais parte da equação no que toca a ajuda alimentar. O aumento do preço dos alimentos, a subida dos juros no crédito à habitação e consequente aumento das rendas são algumas das razões que explicam o porquê de serem cada vez mais as famílias que precisam de ajuda.
Os pedidos depois do verão continuam a registar um aumento. É expetável que nos próximos meses a situação se agrave ainda mais. O fim do verão é um fator que pesa dada a sazonalidade de muitos empregos na região algarvia.
O Banco Alimentar Contra a Fome do Algarve atualmente apoia mais de 22 mil famílias e depois da pandemia há quem ainda não tenha conseguido deixar de necessitar de ajuda alimentar.
Leia também: Professora de Évora colocada em Quarteira: “Ponderei viver para um parque de campismo”