A secretária de Estado das Comunidades Portuguesas disse este sábado em Toronto que pretende “atrair jovens lusodescendentes para trabalhar e estudar em Portugal”.
“Somos já um país de imigração. Estamos com uma população envelhecida, necessitámos de mão-de-obra, precisamos que as nossas comunidades, que saíram há umas décadas atrás, que os seus filhos e netos, voltem a Portugal. Esse é o apelo que fazemos”, afirmou Berta Nunes.
A secretária de Estado das Comunidades Portuguesas falava à agência Lusa, está sexta-feira à noite, no Consulado Geral de Portugal em Toronto, à margem de uma exposição de arte da autoria de utentes portadores de deficiência da Sociedade de Caridade Luso-Canadiana.
A governante destacou dois programas existentes, o ‘Regressar’ e o programa na rota dos sete por cento de estudar no ensino superior.
“Nós temos uma quota de sete por cento em todas as universidades e institutos politécnicos em todos os cursos para que os portugueses lusodescendentes jovens que queiram estudar em Portugal possam escolher o seu curso e concluí-lo lá em Portugal”, sublinhou.
Berta Nunes realçou ainda o fato de que Portugal hoje em dia “já não é um país de emigrantes”, apesar da população continuar a sair, mas por diferentes motivos.
“Não o fazem pelas razões que o fizeram nas décadas de 50 e de 60, como quando emigraram para o Canadá, para fugiram da pobreza e da guerra (do Ultramar). Hoje em dia continuam a sair, mas saem porque querem desenvolver carreiras internacionais, conhecer outras oportunidades e outros países”, frisou.
A secretária de Estado das Comunidades Portuguesas está de visita oficial ao Canadá, desde terça-feira, até domingo, onde tem agendados vários encontros com líderes comunitários portugueses, políticos luso-canadianos, visitando vários postos consulares portugueses e passando por Winnipeg, Otava, Kingston e Toronto.
Apesar de reconhecer que os jovens lusodescendentes têm no Canadá “muitas oportunidades de trabalho”, um país que também necessita de mão-de-obra, muitas das vezes, pretendem regressar a Portugal, “quer pela qualidade de vida ou pelos laços afetivos”, existindo medidas de incentivo.
Como estímulo para os lusodescendentes regressarem a Portugal, Berta Nunes destacou a qualidade existente no ensino universitário e politécnico em Portugal, optando por cursos que no Canadá “poderão ter dificuldades”, mas existem outros atrativos.
“No programa Regressar, caso pretendam voltar e trabalhar por contra doutrem, ou para criar o seu próprio emprego, têm apoio ao regresso, em termos de transporte e de instalação. Se trabalharem por conta doutro têm um desconto no IRS de 50%. Se quiserem criar o seu próprio emprego, têm apoios do Instituto de Emprego e de Formação Profissional, e se quiserem criar uma empresa, têm uma linha de crédito no programa Regressar, que está a ser renovada para ser mais atrativa, que pode apoiar investimentos para criar empresas ou o seu próprio emprego em Portugal”, destacou.
No Consulado Geral de Portugal em Toronto Berta Nunes distinguiu com a medalha de mérito das comunidades portuguesas, a presidente da Casa das Beiras de Toronto Linda Correia, o antigo conselheiro das comunidades João Martins Dias e o empresário José Botelho.
A secretária de Estado das Comunidades vai hoje almoçar com a comunidade no Clube Português de Kitchener, tendo ainda na agenda uma visita à comunidade portuguesa de London, no sul do Ontário.
A visita oficial de Berta Nunes ao Canadá encerra no domingo, com passagem pela Casa do Alentejo de Toronto, à Sociedade de Caridade Luso-Canadiana e à Casa da Madeira de Toronto.
Dados do recenseamento canadiano de 2016 revelam que existiam no Canadá 483.610 portugueses e lusodescendentes, ou seja, 1,4% da população no país.
A maioria encontrava-se no Ontário (69%), no Quebeque (14%) e na Colúmbia Britânica (8%).