A Polícia Judiciária deteve esta quinta-feira um jovem de 18 anos por suspeitas de planear um atentado “terrorista” que iria levar a cabo na sexta-feira. A SIC sabe que o alvo era a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.
O suspeito teria em sua posse armas proibidas e “outros artigos suscetíveis de serem usados na prática de crimes violentos”. Em comunicado, a PJ informa ainda que foi apreendido um plano escrito com detalhes do ataque.
“A investigação foi desencadeada por suspeitas de atentado dirigido a estudantes universitários da Universidade de Lisboa”, lê-se no comunicado.
Segundo a CNN, o suspeito, um estudante de engenharia, pretendia matar o máximo possível de colegas. A informação terá sido transmitida à PJ pelo FBI e o atentado estaria preparado para esta sexta-feira.
Entre o material apreendido nas buscas na casa do jovem em Lisboa não havia armas de fogo. De acordo com o DN havia, porém, catanas, bestas, outras armas brancas e botijas de gás.
O jovem foi detido em flagrante delito, na posse das armas, e será presente a juiz na sexta-feira para conhecer as medidas de coação. Encontra-se indiciado pela prática do crime de terrorismo. A SIC sabe que o jovem sofre de distúrbios mentais.
“É BIZARRO” E “UMA COISA INÉDITA”
O jornalista do Expresso Hugo Franco considera “chocante” e “bizarro” o planeamento de um ataque terrorista, por um português contra estudantes universitários.
O jornalista diz que, para já, as informações são escassas, mas “aparentemente o planeamento do ataque estaria monitorizado há algum tempo”.
O jovem teria uma “vasta documentação” sobre como praticar crimes violentos, refere o jornalista.
Hugo Franco, que já acompanhou vários casos de atentados, destaca que é importante esclarecer as motivações do ataque. Lembra que já alguns jovens portugueses participaram em ataques terroristas do Daesh na Síria e no Iraque. No entanto, destaca:
“É uma coisa inédita em Portugal, ainda por cima sendo um jovem de 18 anos e português”.
Quanto à Polícia Judiciária – que terá trabalhado com várias políticas -, o jornalista considera que mostrou estar preparada para travar um ataque terrorista.
NUNO ROGEIRO APONTA MOTIVAÇÃO POLÍTICO-IDEOLÓGICA
O comentador da SIC, Nuno Rogeiro, analisa a tentativa de atentado na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. Começa por referir que estes casos “não são normais em Portugal” e que “não temos casos parecidos nos últimos tempos”, justificando pelas diferentes “condições da sociedade portuguesa” em relação a outros países.
No entanto, o comentador destaca que “Portugal é hoje um país onde há uma grande internacionalização, com muitos contactos e com pessoas que são representantes de entidades de fora”.
“Têm ideias que pareciam impossíveis há dez, quinze anos atrás”, diz, acrescentando que o país se encontra a sair “da nossa tranquilidade para aquilo a que devemos chamar de ‘normalidade internacional’, que é absolutamente anormal”.
De acordo com Nuno Rogeiro, o suspeito utilizou a “Dark Web”, uma parte da Internet obscura e inalcançável, por necessitar de softwares, configurações ou autorizações específicas para o acesso, mas que o comentador da SIC refere ser “um sítio essencialmente de atividades ilícitas”.
Acrescenta que a entrada na “Dark Web” “é logo um sinal de alarme”, tratando-se de “um sítio onde se fazem quase leilões de morte”.
Desta forma, considera que o ato que o suspeito levaria a cabo se trata de um “processo de ‘copycat’, de imitação de vários atos que se deram no exterior”.
Nuno Rogeiro aponta ainda que poderá ser “um crime com motivações político-ideológicas e, por isso, está incluído no chamado crime de terrorismo”.
“Não era um projeto de vingança pessoal, tinha outra dimensão que o aproxima dos chamados crimes políticos”, acrescenta.
O comentador termina referindo que “a Policia Judiciária age, em Portugal, de uma forma perfeitamente exemplar”.
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