Num mundo marcado por tensões geopolíticas e incertezas, a procura por bunkers, espaços outrora associados à Guerra Fria, tem vindo a crescer. De simples refúgios nucleares a sofisticadas mansões subterrâneas, estas estruturas tornaram-se um símbolo de segurança e sobrevivência, atraindo desde curiosos até aos mais abastados.
Recentemente, no Reino Unido, um bunker nuclear em Yorkshire, utilizado pelo Royal Observer Corps durante a Guerra Fria, foi vendido por 35.000 euros – quase o dobro do valor inicialmente estimado de 18.000 euros. O aumento do interesse reflete o receio de crises globais e a crescente busca por espaços blindados.
Bunkers: uma resposta à incerteza global
De acordo com Jon Graves, proprietário do bunker leiloado, a renovação do espaço e as crescentes tensões internacionais foram fatores determinantes para o aumento da procura. “Esta venda ilustra como a perceção sobre segurança está a mudar”, afirmou.
Especialistas como Mathew Wright, da Burrowed, empresa especializada em bunkers prefabricados, relatam um aumento exponencial de consultas nas últimas semanas. “Há uma mudança clara no comportamento dos consumidores, que agora consideram os bunkers uma solução viável para tempos de crise”, revelou ao Yorkshire Post.
Espaços renovados com propósito
Andrew Parker, leiloeiro da SDL Property Auctions, atribui o interesse crescente a uma “paranoia” reminiscente da era da Guerra Fria. No entanto, a funcionalidade e o apelo estético também desempenham um papel importante. Na Cornualha, um bunker construído em 1978 foi vendido por 169.000 euros – quase três vezes o valor estimado – destacando-se pela capacidade de acomodar até 16 pessoas e pela adaptação a uma realidade moderna.
Luxo subterrâneo: segurança para os milionários
Os mais ricos, por sua vez, elevaram o conceito de bunker a um novo patamar. Douglas Rushkoff, autor de Survival of the Richest, relata que bilionários estão a construir refúgios subterrâneos personalizados, preparados para o que chamam de “o evento” – uma catástrofe global iminente.
Empresas como a Vivos e a Rising S lideram este mercado. A Vivos oferece refúgios em antigas instalações da Guerra Fria, com preços a partir de 35.000 euros por pessoa, enquanto a Rising S cria verdadeiras mansões subterrâneas, incluindo clínicas, ginásios e até salas de criptomoedas. Os preços podem ultrapassar os 14 milhões de euros.
Um símbolo de segurança moderna
O aumento da procura por bunkers, tanto entre a população geral como entre os mais abastados, revela uma mudança na perceção de segurança. Antes vistos como relíquias de uma era passada, estes espaços tornaram-se indispensáveis para quem procura tranquilidade num mundo incerto. De simples refúgios a espaços luxuosos, os bunkers são agora mais do que uma solução prática – são um reflexo da necessidade humana de se preparar para o imprevisível.
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