O antigo Presidente dos Estados Unidos, Jimmy Carter, faleceu hoje aos 100 anos, deixando um legado singular enquanto chefe de Estado e ex-presidente. Carter, que serviu como o 39.º Presidente dos EUA entre 1977 e 1981, é amplamente reconhecido tanto pelo seu papel no cenário internacional como pelo trabalho humanitário desenvolvido após deixar a Casa Branca, como avança o Notícias ao Minuto.
Um Presidente de um só mandato
Eleito em 1976, Carter derrotou o então Presidente Gerald Ford numa eleição marcada pela desconfiança pública na política norte-americana, na sequência do escândalo ‘Watergate’ que levou à demissão de Richard Nixon. Durante o seu mandato, Carter enfrentou desafios significativos, tanto a nível doméstico como internacional.
Entre os seus feitos mais notáveis está a assinatura do tratado que garantiu aos Estados Unidos o controlo do Canal do Panamá até 1999. No plano diplomático, foi o principal arquiteto dos Acordos de Camp David, que culminaram no tratado de paz israelo-egípcio assinado em 1979. Contudo, o seu mandato também foi abalado pela crise dos reféns norte-americanos no Irão entre 1979 e 1980, um episódio que gerou forte contestação interna.
Em 1980, Carter procurou a reeleição, mas foi derrotado pelo republicano Ronald Reagan, que trazia consigo um discurso de renovação e mudança após um período de instabilidade.
Um ex-presidente extraordinário
Ao deixar a presidência, Carter manteve-se ativo na esfera pública, fundando o Carter Center em 1982. A organização tornou-se um pilar na promoção do desenvolvimento, da resolução de conflitos e da saúde global. Carter destacou-se como um “viajante incansável”, participando em missões humanitárias e diplomáticas em várias regiões do mundo, incluindo Timor-Leste.
Em 2002, foi galardoado com o Prémio Nobel da Paz, um reconhecimento pelas suas décadas de esforços na busca de soluções pacíficas para conflitos internacionais. Durante a cerimónia, o presidente do Comitê Nobel, Gunnar Berge, afirmou: “Jimmy Carter não ficará provavelmente na história americana como o Presidente mais eficaz, mas é certamente o melhor ex-Presidente que o país jamais teve.”
A sua atuação pós-presidência era orientada pela sua fé cristã, um aspecto que esteve presente em muitos dos seus discursos e iniciativas. Mesmo nos últimos anos de vida, Carter mostrou-se crítico quanto às decisões políticas das grandes potências, incluindo o princípio de guerra preventiva, que, segundo ele, poderia ter “consequências catastróficas”.
Uma vida longa e cheia de significado
Natural do estado da Georgia, onde também exerceu como governador, Jimmy Carter foi o Presidente norte-americano mais velho ainda vivo até à sua morte. Em 2019, tornou-se o primeiro ex-Presidente dos EUA a atingir os 95 anos.
A relação entre Carter e o atual Presidente Joe Biden remonta a décadas. Em 1976, Biden, então senador de Delaware, foi um dos primeiros a apoiar Carter na sua candidatura presidencial. Em 2021, devido aos seus problemas de saúde, Carter não compareceu à cerimónia de investidura de Biden, mas recebeu-o poucos meses depois na sua cidade natal, Plains, na Georgia.
Jimmy Carter foi casado durante mais de sete décadas com Rosalynn Carter, que faleceu em 2023 aos 96 anos. A última aparição pública do antigo Presidente foi precisamente no funeral da mulher, na sua terra natal.
A perda de Jimmy Carter marca o fim de uma era. A sua vida, marcada pela dedicação à paz, ao humanitarismo e ao serviço público, permanece como um exemplo de liderança comprometida com valores universais.
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