O Texas, o segundo maior estado dos Estados Unidos, é conhecido pela sua vasta geografia, mas também pelas suas leis peculiares, que, muitas vezes, geram controvérsias. Enquanto a posse e o porte de armas são amplamente aceites, o estado é famoso por ser considerado um “santuário das armas”, onde os requisitos para a posse de armas são relativamente frouxos. No entanto, apesar da liberdade e da flexibilidade quando se trata de armamento, o Texas mantém uma lei surpreendentemente rigorosa e controversa, que proíbe a posse de mais de seis brinquedos sexuais na mesma residência.
Esta lei, que remonta à década de 1970, permanece em vigor até hoje, sem ter sido revogada ou modificada. Apesar das armas serem plenamente aceites, esta lei descreve os brinquedos sexuais como “dispositivos obscenos” e estabelece uma restrição que limita o número de objetos de estimulação sexual a seis, com penalidades significativas para quem violar essa norma. Os infratores podem ser condenados a até dois anos de prisão, além de uma multa substancial de até 10 mil dólares, algo que pode causar perplexidade num estado onde a posse de armas é tão amplamente regulamentada.
O Código Penal do estado do Texas, especificamente o Título 9, que trata de Ofensas contra a Ordem Pública e a Decência, define os brinquedos sexuais como “dispositivos obscenos”. A lei é clara ao determinar que tais objetos, como vibradores e vaginas artificiais, são ilegais quando em número superior a seis. A definição oficial estabelece que um dispositivo é considerado obsceno se for comercializado ou projetado, principalmente, para estimular os órgãos genitais humanos. O que mais chama a atenção é que, apesar das várias tentativas de desafiar a lei, ela ainda permanece em vigor, criando um paradoxo interessante no estado.
Em 2008, o Tribunal de Apelações dos EUA para o Quinto Circuito decidiu que esta lei infringia o direito à privacidade dos cidadãos, alegando que a liberdade individual de uma pessoa deveria permitir a posse desses itens sem a imposição de limites. No entanto, apesar da decisão judicial, a legislação não foi alterada, permanecendo ativa até hoje. Essa contradição jurídica gerou debates sobre a real eficácia e a justiça dessa norma, especialmente em um estado onde a posse de armas é relativamente simples e permitida, contrastando diretamente com as restrições impostas à intimidade e à vida privada dos seus cidadãos.
Segundo a Forever Young, a realidade do Texas, neste sentido, reflete um choque entre a cultura libertária em torno das armas e as severas restrições sobre questões relacionadas à sexualidade e à privacidade. O estado, com as suas leis de armas menos rigorosas, poderia ser considerado um símbolo da liberdade individual para alguns, mas, paradoxalmente, ainda mantém um conjunto de normas que limita a liberdade de outras maneiras.
A falta de clareza nas leis e a continuidade de regulamentações arcaicas refletem uma desconexão nas políticas públicas, criando uma espécie de “hipocrisia legislativa” que gera confusão e até desconfiança.
Por mais que os texanos possam desfrutar da liberdade de possuir armas de fogo, a mesma liberdade não se aplica aos brinquedos sexuais. De fato, a existência dessa lei em pleno século XXI demonstra como algumas áreas da legislação podem ficar para trás em relação à evolução dos valores sociais. A sociedade tem se tornado progressivamente mais liberal e aberta a questões de sexualidade, mas o Texas parece continuar a segui-la com os passos hesitantes e conservadores.
O debate sobre a legalidade e a moralidade desta lei continua a dividir a população. Por um lado, alguns defendem que a privacidade sexual deve ser protegida e que o estado não deve interferir nas escolhas pessoais dos cidadãos. Por outro lado, existem os que acreditam que a lei, embora desatualizada, é uma medida necessária para garantir o moralismo e a ordem pública no estado. O embate entre os defensores da liberdade individual e os conservadores que ainda tentam controlar os aspectos da vida privada dos texanos é uma realidade constante, alimentando um ciclo contínuo de controvérsias jurídicas e sociais.
De qualquer forma, enquanto as armas continuam a ser tratadas de forma generosa e sem grandes restrições no estado, os brinquedos sexuais permanecem um campo controverso e marcado por um sistema legal que ainda não conseguiu alinhar-se com as mudanças sociais.
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