Um influencer apoiante do ex-presidente Donald Trump, que se filmou durante o ataque ao Capitólio dos Estados Unidos a 6 de janeiro de 2021, foi condenado a três meses de prisão domiciliária. A pena deve-se a ter usado as suas redes sociais para incentivar a invasão da sede do poder legislativo americano.
A juíza distrital Dabney Friedrich considerou “profundamente perturbador” que Brandon Straka, de 45 anos, tenha aproveitado a sua influência nas redes sociais para incentivar e defender o ataque ao Congresso. A invasão, de que resultaram cinco mortos, pretendia impedir a Câmara dos Representantes e o Senado de certificarem a vitória de Joe Biden nas presidenciais de novembro de 2020.
“Contestações eleitorais são tratadas em tribunal, não se resolvem invadindo o Capitólio”, afirmou a magistrada. Straka foi ainda condenado a três anos de liberdade condicional e a pagar uma multa de 5000 dólares (cerca de 4400 euros).
Segundo a acusação, o influencer, que tem cerca de 500 mil seguidores na rede social Twitter, usou o seu “perfil público significativo” para encorajar outros a invadir o Capitólio. Utilizou um escudo policial e “continuou a defender a invasão” mesmo depois de ter deixado o edifício. Apesar de não se ter envolvido em violência ou destruição de bens, o influencer encorajou e celebrou o ataque.
“Não é só política, é amor”
Straka foi cabeleireiro antes de lançar a campanha ‘#WalkAway’ e tornou-se viral após publicar um vídeo, em 2018, intitulado “Porque deixei o Partido Democrata”. Este foi visto quase 900 mil vezes no YouTube. O condenado é ainda responsável por uma organização sem fins lucrativos, a Fundação #WalkAway, que em 2019 arrecadou mais de 600 mil dólares (cerca de 530.000 dólares).
Em tribunal, Straka assegurou que nem ele nem os seus seguidores toleram a violência. “Não é quem eles são, e não é quem eu sou, e é por isso que amam o nosso movimento. O meu relacionamento com os meus fãs e seguidores não tem que ver apenas com política. É amor”, apontou.
Mais de 720 pessoas foram acusadas de crimes federais relacionados com a invasão ao Capitólio. A defesa de Straka acusou os procuradores de atacarem o seu discurso político, constitucionalmente protegido, e de tentarem “fazer um exemplo público” de um influencer trumpista. A juíza Friedrich garantiu que Straka não foi processado pelas suas opiniões políticas ou convicções pessoais.