Há um jiadista com sangue português sobre o qual os serviços de informações e a unidade de contraterrorismo da PJ andam a recolher informações nos últimos meses. É André Cabral, embora não se saiba ao certo que se chame assim: junto da investigação, há quem tenha outros dados sobre a sua identidade, nomeadamente outro nome, Álvaro Cabral. Mas sabe-se, por outro lado, que tem 26 anos e família em Viseu, e que terá vivido em França. E as autoridades suspeitam que tenha viajado daquele país para a Síria no final de 2014 ou início de 2015, para se juntar ao autoproclamado Estado Islâmico (Daesh) numa altura em que a organização extremista conquistava territórios na Síria e no Iraque e atraía milhares de europeus para a Jihad.
O percurso deste português — e há quem o aponte como luso-francês — naquele cenário de guerra está envolto em mistério. Ao Expresso, uma fonte próxima da investigação refere que não terá tido um papel de relevo na hierarquia militar do Daesh, nem participado nos vídeos de propaganda onde foram filmadas dezenas de decapitações de “infiéis” do autoproclamado califado. Uma fonte judicial confirma que “os crimes que lhe imputam são os de pertencer a uma organização terrorista”.
Cabral também não fez parte de células onde militassem outros jiadistas portugueses ou lusodescendentes com ligações a França: não era próximo do grupo de Mickael dos Santos e de Mikael Batista, oriundos da célula radical de Champigny sur Marne (arredores de Paris), ambos dados como mortos em combate; também não conhecia Luís Carlos Almeida, cabo-verdiano da Cova da Moura (Amadora), que partiu de Nice com a família, tunisina, para o Médio Oriente, e que morreria em 2015.
- Texto: Expresso, jornal parceiro do POSTAL