O Festival do Contrabando que decorreu em Alcoutim encheu a vila, durante os dias de sexta-feira, sábado e domingo, como nunca se viu, com milhares e milhares de pessoas a escolherem a vila do nordeste algarvio como destino para se juntarem à primeira edição da iniciativa.
“Nunca durante o dia a vila teve semelhante enchente de gente” ouviu o POSTAL repetidamente nas perguntas que dirigiu a várias alcoutenejos no sábado. “Acho que só nas Festas de Alcoutim e só à noite alguma vez vi cá mais gente” disse ao POSTAL um alcoutenejo habituado a que as festas da terra sejam o ponto alto do calendário do concelho.
Cerca de dez mil pessoas atravessaram o Guadiana pela ponte flutuante
Sem se poder apurar quantas pessoas visitaram Alcoutim neste festival de entrada livre, certo é que foram muitos milhares, e apenas se pode afirmar que durante os três dias se realizaram cerca de dez mil travessias da ponte provisória que uniu as duas margens do Guadiana.
A ponte flutuante, uma das principais atracções do festival, que permitiu que portugueses e espanhóis, bem como muitos turistas de diversas nacionalidades, atravessassem o Guadiana entre Alcoutim e Sanlúcar de Guadiana, abriu à travessia de peões na sexta-feira e manteve-se aberta todo o dia de sábado (excepto entre as 12 e as 14 horas), bem como na manhã de domingo, sendo que na tarde do último dia do festival teve de encerrar devido ao mau tempo.
Milhares de pessoa puderam ainda assim atravessar o rio e visitar, como fez o POSTAL, a localidade espanhola de Sanlúcar de Guadiana onde o festival também se fez sentir, embora que com muito menos pujança do que do lado luso da fronteira.
Experimentar a travessia foi a actividade mais cobiçada pelos visitantes que no sábado tiveram de esperar, em alguns períodos, cerca de uma hora para conseguir cruzar as águas do rio. Ao POSTAL o presidente da Câmara de Alcoutim reconhece que “o fluxo de pessoas na travessia criou alguns problemas de escoamento, que levam a que a autarquia tenha de repensar a forma como a ponte será instalada e usada na próxima edição do festival”, mas destaca “o quanto esta iniciativa foi mobilizadora das pessoas para visitarem o festival”.
Nova edição já em 2018
Certa é a realização de uma segunda edição do Festival do Contrabando já para o ano. “Estamos a ultimar já esta semana a candidatura do Festival do Contrabando para 2018 no âmbito do programa 365 Algarve” confirmou ao POSTAL o autarca local Osvaldo Gonçalves.
Outra coisa não seria de esperar quando, como o POSTAL testemunhou, Alcoutim viu coroada de sucesso a iniciativa que teve nesta primeira edição resultados absolutamente espantosos e que deu aos alcoutenejos – caso ainda tivessem dúvidas – razões para acreditar que o seu território é válido e é capaz de gerar atractividade suficiente para arrastar multidões, quando se criam condições pensadas e estruturadas para que se reforce a identidade e valorização locais quer do espaço, quer da cultura, quer ainda da economia.
Ao POSTAL o presidente da Câmara diz que “a travessia pedonal do rio é uma das atracções manter na próxima edição do festival, com características que possam melhor responder ao extraordinário afluxo de pessoas que se registou neste primeiro evento” e acrescenta que “na próxima edição um dos objectivos será o de reforçar a oferta cultural do programa, bem como, conseguir uma melhor distribuição do evento pelo espaço da vila”.
A cultura como motor da economia com o Ministro das Finanças a ver tudo neste regresso ‘a casa’
Quem decerto se espantou com o resultado do Festival do Contrabando, por muito que se tivesse preparado para o evento, foram os comerciantes de Alcoutim e muito em particular a área da hotelaria e similares, nomeadamente, os restaurantes e afins. O POSTAL testemunhou casas cheias de clientes que, durante horas consecutivas, quiseram experimentar as propostas gastronómicas ou simplesmente beber uma bebida com vista para o Guadiana.
O comércio nos vários stands de venda de produtos diversos registou também uma notável procura, com destaque para os produtos locais, nomeadamente os enchidos e os queijos.
A cultura – elemento base do Festival do Contrabando – foi assim o motor inequívoco de uma pedrada no charco na economia local e quem pôde assistir a todo o frenesim da festa e da economia foi Mário Centeno, ministro das Finanças que percorreu o festival acompanhado pelo presidente da Câmara Osvaldo Gonçalves.
Foi lado-a-lado com o homem que actualmente ocupa a presidência da Câmara que o ministro, bisneto do primeiro Presidente da Câmara de Alcoutim, José Centeno de Passos, viu de perto o impacto do Festival do Contrabando na terra de que foi presidente da autarquia o seu avô. O titular da pasta das Finanças reviveu assim uma terra da sua infância num dia pleno de emoções.
Dália Paulo destaca a “emoção” de um programa cultural “coroado de sucesso”
Para a responsável pelo Programa 365 Algarve, que ajudou a financiar o Festival do Contrabando, o evento foi “um verdadeiro sucesso a que assisti com muita emoção”. “A emoção de ver transformada em realidade a possibilidade de unir os dois lados do Guadiana e ver e ouvir as pessoas enquanto atravessavam a ponte entusiasmadas com a proximidade foi impressionante”, diz Dália Paulo que sublinha “o brilho no olhar de portugueses e espanhóis de ambos os lados da ponte e durante a travessia, bem como os comentários que ouviu de pessoas de todo o Algarve e de fora da região sobre a beleza da vila e as propostas do festival”.
Sem se comprometer com uma nova edição para 2018, a comissária do 365 Algarve é clara ao afirmar que um evento do programa 365 Algarve que teve sucesso “tem todas as condições para voltar a ser apoiado”.
A responsável destaca a forma como “a cultura pode e é um veículo para dinamizar os territórios, as economias locais e para reforçar a auto-estima das populações, tão necessária para que se fixem nos territórios”
Pela mesma bitola alinha Osvaldo Gonçalves que vê coroada de sucesso uma iniciativa que “tínhamos em carteira há vários anos e que conseguimos, com o apoio do 365 Algarve e de muitas outras entidades, tornar realidade, provando todo o potencial do concelho de Alcoutim, das suas gentes e actividades típicas”. “A afirmação de Alcoutim e dos alcoutenejos e da sua capacidade de atrair públicos tão diversos como os que visitaram o festival – muitos deles vindos pela primeira vez ao concelho – é motivo de orgulho para todos nós”, remata o autarca.