Um estudo da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP), revela que o estado de emergência foi fulcral para evitar o colapso do Serviço Nacional de Saúde. Sem as medidas de confinamento, estima-se que Portugal teria mais 69% de pessoas nos cuidados intensivos.
Esta percentagem representa o triplo de doentes internados em estado grave com covid-19, na primeira quinzena de abril, revelam os especialistas da ENSP.
A análise reflete ainda que sem o lockdown [confinamento], as unidades de cuidados intensivos dos hospitais do SNS teriam que atender, entre 1 e 15 de abril, uma ‘avalanche’ de 748 doentes graves com covid-19, três vezes mais do que os 229 que precisaram desse tipo de cuidados.
Estes números ultrapassam a capacidade do SNS na altura, “nesse cenário, as 528 camas de cuidados intensivos de que o SNS dispunha na altura poderiam não ter sido suficientes para atender a todas as necessidades, como aconteceu em Itália e em Espanha”, dois dos países europeus mais afetados pela pandemia do novo coronavírus.
A rápida ação do Governo e Direção-Geral de Saúde, de forma antecipada, permitiu aumentar os materiais de proteção, a capacidade de realizar testes e a procura hospitalar e de cuidados intensivos causada pela pandemia. Portugal começou as medidas de confinamento quando estavam ainda 62 pessoas infetadas e não haviam ainda óbitos. Além disso, Graça Freitas, diretora-geral da Saúde, já afirmou que o nosso país foi dos que realizou mais testes.
Podemos ainda verificar que a população portuguesa aderiu de forma rápida e efetiva às medidas de contenção e mitigação da pandemia covid-19, decretada pelo Governo em meados de março de 2020, que causou uma redução da sua mobilidade efetiva em 80%.
Os números do estudo realizado pela Escola Nacional de Saúde Pública fizeram com que Portugal tivesse registado menos 5.568 casos (-25%) de covid-19, menos 146 mortes (-25%), e menos 519 (-69%) internamentos em unidades de cuidados intensivos do que seria de esperar, caso as medidas de confinamento não tivessem chegado antes de um cenário mais complicado para o país.
A base científica destas afirmações foram a “comparação do número de novos casos e óbitos, e o número de camas ocupadas em internamento geral e em unidades de cuidados intensivos por covid-19, observados entre 1 e 15 de abril, com os valores esperados para esse período se não tivessem sido tomadas as medidas de confinamento e os portugueses não as tivessem cumprido”.
Os autores do estudo afirma ainda que os valores esperados para o número de novos óbitos, internados em internamento geral e em cuidados intensivos em cada dia foram estimados com base em modelos de alisamento exponencial aplicados ao período até 31 de março.
Portugal registava ontem 1.356 mortes relacionadas com o novo coronavírus, mais 14 do que na terça-feira, e 31.292 infetados, mais 285, segundo o boletim epidemiológico divulgado pela Direção-Geral da Saúde.
Leia na integra o estudo: Impacto do confinamento nos cuidados intensivos