
A Sun Concept, empresa sediada em Olhão, apresentou este sábado, dia 15, na Marina de Vilamoura, o seu mais recente barco, o CAT 12.0.
Esta atividade inseriu-se no Boat Show 2019, que está a decorrer em Vilamoura desde o dia 8 e se prolonga até ao próximo dia 16.
“O barco é movido a energia solar, é auto-sustentável, carrega-se a ele próprio e é amigo do ambiente”. Quem o diz é João Bastos, diretor comercial da Sun Concept.
“A embarcação esteve em testes e cumpriu com tudo o que desejávamos. O barco tem um navegar fantástico, cumpre com autonomia, a relação do carregamento, os painéis com as baterias, a propulsão está a funcionar melhor do que prevíamos inicialmente. Mais uma vez é uma revolução neste caminho que temos vindo a traçar na construção naval auto-sustentável”, acrescenta.
José Apolinário, secretário de estado das pescas disse ao POSTAL que “este é um projeto que fomenta e concretiza a economia circular, a utilização das energias renováveis oceânicas e, por isso, foi um projeto apoiado pelo Fundo Azul”, sublinhando que “existem 22 projetos emblemáticos aprovados pelo mesmo fundo”.
“Este foi um dos projetos escolhidos e que recebeu 500 mil euros de incentivo, justamente porque tem esta componente de inovação, de utilização das energias renováveis oceânicas, da inovação do fabrico e da própria apresentação do design”.
O representante do governo explica ainda que “este projeto nasce também em conjunto com a Universidade. A Sun Concept tem um protocolo com o Instituto Superior Técnico e uma equipa de Engenharia Naval apresentou este projeto no sentido de desenvolver uma embarcação de energias renováveis”, sendo este “um exemplo de transferência de conhecimento da Universidade para as empresas”.
Por sua vez, João Fernandes, presidente da Região de Turismo do Algarve, sublinha que “este é um bom exemplo de como o turismo tem, enquanto motor da economia do Algarve, esta capacidade de arrastamento de outros setores, neste caso a construção naval, que tem aqui um casamento perfeito, como dizia a Lídia Jorge, do barco que passou a ser um filho do sol. O Algarve é sobejamente conhecido pelo seu mar, pelo seu sol, pelas suas praias e esta é também uma forma sustentável de se poder colher esses dois benefícios: do mar e da energia solar”.
Lídia Jorge foi a autora do texto promocional relativo ao novo barco da Sun Concept. Ao POSTAL disse que se inspirou no próprio barco. “Fiz uma viagem não neste, mas no outro barco mais pequeno há praticamente um ano e achei que era absolutamente extraordinário”, recordando que “fizemos o percurso entre a Doca de Olhão e a Armona. Eu achei que era uma espécie de sonho. Tive a sensação de que estávamos perante um momento em que se inaugura uma nova etapa para o futuro, uma nova era. O motor da energia é de facto o sol”.
O catamarã 12.0 é um modelo ambientalmente sustentável. O primeiro exemplar já está vendido e será utilizado para operação marítimo-turístico. “O segundo barco que vamos construir agora também já está vendido, mas será para utilização privada”, o que “nos permite dizer que já vendemos duas embarcações que são dois modelos completamente distintos do CAT 12.0”.
Vítor Aleixo, presidente da Câmara Municipal de Loulé reforçou o sentimento de “alegria e orgulho que todos aqui presentes estamos a sentir pelo facto de presenciarmos a apresentação pública de um projeto tão inovador”.
Manuel Costa Braz, CEO da Sun Concept disse ao POSTAL que “este barco difere do anterior no tamanho, estabilidade e capacidade para ir para mar alto”.
“Os barcos anteriores eram barcos mais pequenos, de 7 metros e que foram feitos essencialmente para rios, barragens, águas calmas”, referindo que “esta embarcação vai até 10 nós, que corresponde a uma velocidade cruzeiro normal confortável”.
O responsável reforça o facto dos “barcos terem sido feitos essencialmente para a atividade marítimo-turística pois “quanto mais se utilizam estes barcos, maior é a poupança porque não gastam combustível”, sendo que “um particular terá menos tendência a ter estas preocupações porque tem um uso do barco muito limitado ainda”.
“O que nós estamos a tentar fazer é criar meios que os operadores possam criar valor, terem um valor acrescentado muito maior com a utilização dos nossos barcos por uma questão natural. Se baixam os custos e conseguem manter o mesmo nível de rendimento, o lucro aumenta. Numa utilização normal de uma marítimo-turística em três a quatro ano, o investimento é amortizado”.
Quanto aos valores dos barcos, “existe um leque muito variado de valores porque existe uma variação muito grande, em termos de modelos e de características”, sendo que “podemos estar a falar de valores na ordem dos 340/350 mil euros e que vão até aos 500 mil euros, dependendo dos extras e das particularidades da embarcação”.
No que diz respeito aos desafios futuros, o CEO da empresa é incisivo: “a primeira fase passa pelo facto de termos de arranjar instalações maiores para começar a produzir em série barcos deste tamanho. O passo seguinte vai ser naturalmente crescer e, portanto, a próxima etapa que já está na nossa cabeça assenta em fazer crescer o barco pequeno, de sete para oito metros e meio e daqui a dois anos termos um modelo maior do CAT 12.0, que passará de 12 metros para 15 ou 16 e possivelmente para 18”.
“Além disto estamos a criar uma capacidade técnica e de desenvolvimento própria”, sublinhando que “o que gostaríamos de fazer no futuro e, vamos considerar um tempo de dez anos, seria estarmos a construir os tais barcos para a travessia do Tejo e Douro. Nós a pensá-los, a desenhá-los e outras entidades a fazer a construção do barco em conjugação connosco”.
“Esse era o sonho da Sun Concept neste momento para meter Portugal a conseguir fabricar barcos que possam ser uma referência a nível internacional”, concluiu.
(Stefanie Palma / Henrique Dias Freire)