Portugal foi o segundo país da União Europeia a registar o maior número de novos casos de infeção pelo novo coronavírus por milhão de habitantes nos últimos 14 dias e últimos sete dias contados a partir do dia 9.
O estudo foi desenvolvido pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) e pelo Cintesis. Os dados reportados pelos países ao Centro Europeu de Controlo e Prevenção de Doenças (ECDC, na sigla inglesa) e, no caso de Espanha, pela autoridade nacional de saúde espanhola.
Pior que o nosso país, só a Suécia, que ainda não conseguiu controlar a epidemia. Em termos de mortalidade, por milhão de habitantes, Portugal figura em sexto lugar.
Este estudo, publicado no Metis, pretende alertar a população para o seu comportamento nos últimos dias, principalmente neste fim de semana prolongado, com o feriado do dia 10 de junho, Dia de Portugal e 11 de junho, Corpo de Deus.
Milhares de portugueses estão a aproveitar para passear e têm autorização para o fazer, desde que respeitem as normas da Direção-Geral de Saúde.
A região de Lisboa e Vale do Tejo continua a concentrar mais de 90% dos casos diários de infeção de covid-19, registando 283 das 310 novas infeções reportadas ontem, segundo a DGS.
“Neste momento, em crescimento só estamos nós [Portugal], Suécia e Polónia, todos os outros estão a diminuir o número de novos casos, dá que pensar”, referiu Paulo Santos, responsável pela plataforma Metis.
O investigador do Cintesis e professor da FMUP, realça ainda que para além do aumento de novos casos, nos últimos dias tem havido uma subida dos internamentos e dos doentes a precisar de cuidados intensivos.
Também Jorge Buescu, professor do departamento de Matemática da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, concorda e diz que “neste momento, é claríssimo que Portugal reentrou numa trajetória ascendente da epidemia”. O profissional prevê ainda que o número de mortos aumente dentro de uma semana.
Uma das causas para esta ‘trajetória invertida’, poderá ser o desconfinamento, que aconteceu cedo demais. A opinião é de Paulo Santos, que acrescenta que “é preciso cautela nas análises”, uma vez que a evolução da epidemia não é igual em todo o país, pois na região de Lisboa e Vale do Tejo as autoridades de saúde adotaram uma estratégia de “testagem massiva”.
O especialista defende que os dias que se seguirem ao fim de semana prolongado serão importantes para perceber se os novos casos resultam de “proteção individual não acautelada ou de muitos testes” que apanham positivos assintomáticos.
Portugal registava ontem 1.504 mortes relacionadas com a covid-19, mais sete do que na quarta-feira, e 35.910 infetados, mais 310, segundo o boletim epidemiológico divulgado pela Direção-Geral da Saúde.
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