A falta de médico de família está a deixar desprotegida a população da Luz de Tavira, alertaram esta quinta-feira na Assembleia da República eleitos da Junta de Freguesia, que lançaram uma petição a exigir respostas para mais de 3.000 residentes.
O presidente da União de Freguesias de Luz de Tavira e Santo Estêvão, Jorge Francisco Silva (PS), e o seu rival das listas do PSD nas últimas eleições autárquicas, Ângelo Gonçalves, estiveram esta quinta-feira lado a lado na Comissão Parlamentar de Saúde a ser ouvidos como promotores da petição “Por médicos de família no centro de saúde de Luz de Tavira”, que angariou 905 assinaturas a exigir um segundo médico para o centro de saúde da localidade, após ter ficado com apenas um devido à reforma do outro clínico.
Apesar de o número de signatários de não ter chegado aos 1.000 estabelecidos para os peticionários serem ouvidos em audição no Parlamento, o relator Dinis Faísca (PSD) explicou que, “atendendo ao tema”, era “de toda a importância e de todo o interesse de todos os grupos parlamentares” ouvirem de viva voz os argumentos e a posição dos autores da petição, para que sejam encontradas soluções para resolver o problema e ser reforçada a assistência na freguesia.
“A população encontra-se envelhecida, necessita de mais cuidados de saúde do que a população mais jovem e, em certas alturas, como por exemplo no mês de maio, devido às explorações agrícolas, a população chega quase a triplicar”, alertou Ângelo Gonçalves, que tomou a palavra pelos autores da petição, advertindo que “um único médico de família não chega, muito menos quando a população quase triplica”.
Ângelo Gonçalves fez a defesa da necessidade de aumentar a resposta médica à população e deu o exemplo verificado esta quinta-feira, dia em que a população ficou sem qualquer médico porque o único clínico da localidade “nem sequer pôde ir trabalhar” devido a doença, e considerou que a alternativa criada, de ir à sede de concelho ou a Santo Estêvão, onde só há consulta duas ou três vezes, por semana, no período da manhã, não serve a população de Luz de Tavira.
“Hoje, a população não teve mesmo qualquer tipo de médico de família. Aquilo que se pede é que se olhe para a vila da Luz de Tavira, para o Centro de Saúde do Mar, de forma a poder dar resposta capacitada às necessidades da população”, apelou, frisando que a maioria da população tem baixos recursos e falta de transportes para se deslocar ou a Tavira ou a Santo Estêvão.
Presentes na audição estiveram, além do deputado relator, Dinis Faísca, as deputadas Jamila Madeira (PS) e Sandra Silva (Chega), que também coincidiram na necessidade de encontrar soluções que vão ao encontro dos anseios dos peticionários e da população.
Jamila Madeira afirmou que a falta de médicos “é uma problemática muito incidente” no Algarve e o problema na Luz de Tavira foi que a “aposentação de um médico levou a que houvesse uma carência suplementar” de clínicos.
“Esses utentes não ficaram desguarnecidos, claramente que têm um transtorno – não deixa de ser um transtorno, sobretudo para uma população envelhecida, que se desloca à sede do concelho para poder ter esse médico de família -, mas ainda assim ele está disponível. Isso é importante de sublinhar”, considerou
A parlamentar socialista agradeceu o contributo da Freguesia nos transportes para a sede de concelho ou para Santo Estêvão, e criticou a atual tutela da Saúde por, nos últimos concursos para médicos de família, não ter disponibilizado vagas para o sota-vento (leste) algarvio.
Já Sandra Silva, do Chega, disse que o problema se “arrasta há muito tempo” e colocou-se ao lado dos peticionários, afirmando que um médico “não chega” e é preciso encontrar soluções para ajudar uma população que está sem assistência e que, segundo Ângelo Gonçalves, se vê obrigada muitas vezes a recorrer ao privado que trabalha na Luz de Tavira para ter assistência sem sair da localidade.
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