O jornalista Hélder Nunes faleceu na manhã deste domingo, em Portimão, aos 75 anos, vítima de doença prolongada. Fundador do jornal Barlavento, Hélder Nunes marcou a imprensa regional algarvia ao longo de mais de quatro décadas, deixando um legado profundamente enraizado na comunicação social da região.
Nascido em Portimão, Hélder Nunes começou cedo a trilhar o caminho do jornalismo. Com apenas 16 anos, impulsionou a criação de um jornal no Liceu Nacional de Portimão, experiência que seria o prelúdio da fundação do Barlavento. O primeiro número do jornal foi publicado a 26 de abril de 1975, um dia após o aniversário da Revolução dos Cravos. Em entrevista ao próprio Barlavento, Hélder Nunes destacou o contexto histórico do jornal: “Havia jornais que ainda estavam um pouco conotados com o anterior regime e que foram desaparecendo. Sentia-se a necessidade de novos meios escritos.”
Hélder Nunes também foi pioneiro na rádio regional, ao fundar a Rádio Barlavento, e na imprensa desportiva com o jornal Sul Desportivo. Apesar de se afastar da direção do Barlavento em 2015, quando se reformou, o impacto da sua visão perdurou.
Um jornalismo inovador e de proximidade
Sob a liderança de Hélder Nunes, o Barlavento destacou-se como um dos principais órgãos de comunicação regional, recebendo, em 2005, o Prémio Gazeta de Melhor Jornal Regional, entregue pelo então Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva. Este reconhecimento premiou a abordagem inovadora do jornal, que combinava a cobertura de proximidade com um olhar atento sobre os bastidores da política regional.
A secção Gramofone, uma das marcas do jornal, oferecia análises e previsões políticas, muitas vezes acertando em eventos futuros. “Era um jornal diferente dos outros, e isso faz com que continue vivo, mais de 40 anos após a sua fundação”, recordava Hélder Nunes.
Transformações e desafios
Com a evolução dos meios de comunicação, o Barlavento sofreu várias reformulações gráficas e editoriais. A mais recente, em 2024, levou o jornal a operar exclusivamente em formato digital, adaptando-se às exigências do público moderno.
Hélder Nunes foi também crítico da transformação no jornalismo. Lamentava a falta de formação prática dos novos profissionais e alertava para os perigos das redes sociais na disseminação de informações falsas. Apesar disso, reconhecia a importância do digital para o futuro da comunicação.
Um legado duradouro
A dedicação de Hélder Nunes ao jornalismo algarvio é inegável. “Nenhum jornal sobrevive somente com os seus leitores”, afirmava, refletindo a sua preocupação com a sustentabilidade da imprensa regional. Entre os seus maiores feitos está a consolidação do Barlavento como uma referência no jornalismo de proximidade, mesmo após a sua saída.
A equipa do jornal Postal do Algarveo e toda a comunidade jornalística do Algarve unem-se para prestar homenagem a este ícone da comunicação social. Hélder Nunes deixa um exemplo de paixão e compromisso com a verdade, que continuará a inspirar as futuras gerações. Aos familiares e amigos, enviam-se as mais sentidas condolências.
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