Kam Heskin, atriz conhecida pelos seus papéis em Hollywood como o Planeta dos Macacos, Apanha-me Se Puderes e O Príncipe e Eu, decidiu mudar-se com a família para o Algarve, em busca de uma vida mais tranquila. Após uma breve experiência como modelo em Portugal, atualmente trabalha como editora social da revista Wherever Magazine e está envolvida no desenvolvimento de uma série para a Internet.
A decisão de deixar a Califórnia foi amadurecendo durante a pandemia. “Tive o meu bebé em 2020, e foi no auge de tudo”, partilhou Kam. “A criminalidade estava a aumentar, tivemos os protestos de George Floyd, a pandemia teve o seu preço, os incêndios florestais estavam a alastrar e depois seguiu-se um terramoto de 4,3. Sentimos que precisávamos de fazer uma mudança.” Para além disso, os filhos da atriz cresceriam num ambiente mais seguro, fora da ribalta de Hollywood: “A minha enteada passou por exercícios Run, Hide, Fight na escola, para situações de tiroteio ativo. Queríamos evitar isso para os nossos rapazes.”
Segundo a The Portugal News, a primeira visita a Portugal, em dezembro de 2021, confirmou que a mudança era o caminho certo. “Chegar a Portugal foi como entrar num sonho. O céu estava limpo, o ar era puro e a comida incrivelmente fresca. Parecia que estávamos seguros e podíamos finalmente relaxar.” Para Kam, o Algarve lembra-lhe a Califórnia de há 60 anos, antes da industrialização em larga escala. “O clima é semelhante, mas com ar mais limpo e menos crime.”
O novo ritmo de vida foi um grande contraste com o de Hollywood. “É bom abrandar a vida para si e para a sua família. O sistema de rotundas foi uma novidade para mim, mas tem sido uma aventura!”, comentou. A atriz também destacou algumas conveniências do dia a dia em Portugal, como as filas prioritárias e os lugares de estacionamento para famílias. No entanto, nem tudo foi fácil. “A quantidade de papelada e os obstáculos burocráticos foram um desafio. Almancil tem até uma estátua de um carimbo de borracha – faz todo o sentido!”, brincou.
A mudança teve momentos difíceis, sobretudo a nível pessoal. Durante o processo de obtenção do visto, Kam perdeu o pai. “O meu pai estava no Colorado, por isso mudámo-nos para lá na fase final da vida dele. O dia da entrevista para o visto foi, na verdade, o dia em que o meu pai faleceu.” Apesar da dor, conseguiu organizar a documentação da família e dá um conselho a quem quer fazer o mesmo: “Fazer tudo de uma só vez e ser metódica. Não é impossível, mas é preciso sentar-se e planear bem.”
Uma das grandes vantagens da vida em Portugal, segundo Kam, é o acesso a cuidados de saúde mais acessíveis e eficientes. “Fiz um seguro de saúde privado assim que me mudei, e a situação aqui é muito mais fácil do que nos EUA. O seguro platina custa menos do que o seguro mínimo bronze nos Estados Unidos.” A atriz aprecia o equilíbrio entre o setor público e privado: “Podes ter seguro privado, mas o sistema nacional de saúde também funciona como uma rede de segurança.”
A alimentação foi outra surpresa positiva. “Nos EUA, comprávamos um pão quadrado e, dois meses depois, ainda estávamos a comê-lo. Aqui, uma baguete fica dura passado um dia porque é fresca”, contou. Notou ainda uma grande diferença nos preços e na qualidade dos produtos. “Quando me mudei para cá em 2020, conseguia encher um carrinho de compras por 75 euros, contra 300 dólares nos EUA. Os meus filhos estranharam o sabor das maçãs, porque nos EUA são enormes e perfeitas, mas têm um gosto diferente. Aqui são mais pequenas e ácidas, mas não têm químicos.”
No que toca à vida familiar, Kam sente que os filhos estão num ambiente mais seguro e enriquecedor. “As escolas são multiculturais e os meus filhos estão expostos a diferentes línguas e culturas. Até já têm sotaque britânico desde que vivem aqui!”, comentou. O desporto também tem um papel importante no seu dia a dia. “O futebol é uma grande parte da cultura aqui! Sou jogadora de padel de competição e há uma comunidade enorme à volta do desporto.”
Apesar de manter uma ligação forte a Los Angeles, e consequentemente a Hollywood, Kam acredita que fez a melhor escolha para a sua família. “Não quero menosprezar LA, é a minha casa há 25 anos e está a passar por muita coisa. Algumas pessoas gostam da energia e do glamour da cidade, e eu percebo isso, já fiz parte desse mundo. Mas se estivermos prontos para algo novo, Portugal é um ótimo lugar para começar.”
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