A associação de fruticultores de Odemira e Aljezur insiste na construção de uma dessalinizadora neste território para resolver falta de água, um estudo recente aponta para “a deterioração e limitação do abastecimento” da barragem de Santa Clara”, no concelho de Odemira.
“É preciso avançar” com esta solução “porque a única fonte de água que temos é [a barragem de] Santa Clara” e “todos os dados apontam para quebras na precipitação muito acentuadas” neste território, disse o presidente da Associação de Horticultores, Fruticultores e Floricultores dos concelhos de Odemira e Aljezur (AHSA), Luís Mesquita Dias.
Em declarações à agência Lusa, a propósito das conclusões do estudo prévio de viabilidade para a implementação de uma estação dessalinizadora na região do Perímetro de Rega do Mira, o responsável defendeu que, perante o atual cenário de seca, é preciso agilizar processos.
“A premência é muito grande e as autoridades têm de ser expeditas para que os processos de licenciamento, que são sempre muito longos e burocráticos neste país, apesar de respeitarem tudo o que têm de respeitar, sejam ágeis”, afirmou.
O estudo prévio, concluído “há cerca de dois meses”, intitulado “Água do Atlântico para o Sudoeste Alentejano”, destaca a urgência da situação na região do Perímetro de Rega do Mira, apontando para “a deterioração e limitação do abastecimento” da barragem de Santa Clara”, em Odemira, no distrito de Beja.
“Atualmente, a infraestrutura dispõe somente de quatro a cinco anos de garantia máxima de fornecimento de água, tendo por base um consumo agrícola anual de 12 milhões de metros cúbicos e uma precipitação anual de 350mm”, realçou, em comunicado, a AHSA.
Segundo a associação, o estudo sugere “uma dessalinizadora terrestre e um reservatório conectado à rede da Associação de Beneficiários do Mira (ABM)”, num investimento de 200 milhões de euros.
O documento aborda três soluções para a construção da futura central, que terá capacidade para dessalinizar 25 milhões metros cúbicos de água/ano, entre os concelhos de Odemira e Sines, embora existam dois cenários mais prováveis.
“Do ponto de vista de custos, a localização ideal da dessalinizadora deveria ser em Odemira, tão junto à costa quanto possível, mas não será ideal do ponto de vista ambiental e de facilidade de licenciamento”, admitiu Luís Mesquita Dias, acrescentando que “tudo aponta” para o concelho de Odemira, “mas já fora do Parque Natural” do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina.
O estudo da AHSA avaliou igualmente a possibilidade de recorrer à estação de dessalinização prevista para Sines, com o objetivo de servir as unidades industriais, cujo projeto está a cargo da empresa Águas de Portugal.
O presidente da AHSA admitiu a possibilidade de se avançar com “alguns estudos acrescidos para avaliar o excedente de custo ou de poupança que pode representar trazer água de Sines para Odemira”.
“Por um lado, teremos a vantagem de ter uma dessalinizadora que será feita de qualquer forma e os ativos fixos partilhados por outras entidades e, por outro, temos 60 quilómetros de água para sul”, argumentou.
Caso o investimento em Sines não se concretize e avançar a localização de Odemira, o responsável revelou que a AHSA está “a tentar que seja a EDIA [Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas de Alqueva] a entidade centralizadora de todo o projeto” e a quem já foi apresentado o estudo.
Para ultrapassar “algumas limitações estatutárias, no último Conselho de Ministros do anterior Governo, ficou decidido estudar o âmbito de atuação da EDIA para que [esta] pudesse não apenas fazer as obras no Alqueva, mas também a gestão de perímetros de rega”, indicou.
“Estamos à espera, a todo o momento, de sermos recebidos pelos ministros da Agricultura e do Ambiente e, em função do resultado dessas duas audiências, veremos se a dessalinizadora e a sua forma de construir, concursar e gerir pende mais para o lado da EDIA ou para o lado da Águas de Portugal”, acrescentou.
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