Entre as muitas maravilhas naturais que o Alentejo oferece, uma das mais impressionantes — e ainda pouco conhecida — é o Pulo do Lobo, a maior cascata do sul de Portugal. Situada no vale do Guadiana, esta queda d’água de 15 metros de altura revela-se em todo o seu esplendor nos meses de inverno, quando o caudal do rio aumenta significativamente, criando um cenário de força e beleza que já inspirou o Nobel da Literatura José Saramago.
O escritor descreveu este local com uma precisão poética: “o rio ferve entre paredes duríssimas, rugem as águas, espadanam, batem, refluem e vão roendo, um milímetro por século, por milénio, um nada na eternidade”.
A cascata, esculpida ao longo de cerca de 70 mil anos, resulta de um processo erosivo contínuo, com a formação rochosa desgastando-se a uma taxa de 0,75 milímetros por ano, como explica o Nit. Segundo uma lenda local, a estreita fenda que antecede a queda teria sido atravessada num único salto por um homem destemido, ou talvez por um lobo ou até mesmo um lince-ibérico, dando origem ao nome Pulo do Lobo.Nos meses de verão, o Guadiana sofre uma redução no caudal, mas no inverno o rio retoma a sua imponência.
As águas barrentas precipitam-se pela escarpa, enchendo o vale com o seu ecoar ensurdecedor. Para quem deseja contemplar esta maravilha natural, a cidade de Serpa, a cerca de 18 quilómetros da cascata, é um excelente ponto de partida. Os trilhos que conduzem ao Pulo do Lobo foram reformulados, permitindo aos visitantes apreciar a paisagem envolvente, desde bosques de freixos até à rica avifauna, onde é possível observar espécies como a cegonha-preta e a águia-real.
O acesso à cascata, por trilhos sinuosos e terrenos acidentados, exige cautela, sendo recomendável apenas para adultos. A recompensa, no entanto, é uma vista deslumbrante sobre o Guadiana e a oportunidade de visitar outros marcos locais, como o moinho da Escalda e o idílico Pego dos Sáveis.
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