Passaram apenas oito meses desde que o mais conceituado diretor desportivo português falou, com entusiasmo, à Lusa sobre os motivos que o levaram a aceitar integrar o projeto da então Nippo Delko Provence, apostada em consolidar-se no escalão Pro Continental e chegar à Volta a França, mas, hoje, a realidade é outra.
“O projeto tinha uns objetivos, uma ambição. No final do ano, houve patrocinadores que saíram, o presidente da equipa, que também é o dono da Delko, assumiu o projeto e, nesta altura, ele tem de redimensioná-lo numa estrutura diferente da que ele inicialmente planeava. Nessa restruturação, a equipa irá fazer alguma redução no seu programa, pelo que, logicamente, há uma reorganização no ‘staff’. Eu faço a Volta ao Algarve e, a partir daí, sigo contratualmente ligado à equipa, mas com umas responsabilidades mínimas”, resume à Lusa.
José Azevedo prefere não espraiar-se sobre o que falhou, remetendo eventuais esclarecimentos para o manager da formação francesa, mas vai dizendo que, “por diversos fatores, não foi possível atingir o que inicialmente era o objetivo”.
“Eu quando entrei, tinha essa ambição [levar equipa ao Tour]. Não foi possível atingir os objetivos que o dono da equipa tinha em mente. Não sei se no futuro a equipa poderá lá chegar. A equipa vai continuar, os ciclistas vão continuar no ativo, é apenas uma restruturação que vai existir e, dentro dessa restruturação, as minhas funções passam a ser mais reduzidas”, pontua.
Depois do conturbado final da Katusha, na qual esteve seis anos, os três últimos como diretor-geral, o desafio apresentado na primavera do ano passado pelo então novo dono da Nippo Delko Provence convenceu José Azevedo a regressar antes do esperado ao ciclismo, e, embora recuse falar de “desilusão”, o antigo ciclista, de 47 anos, assume que, “logicamente, ninguém gosta destas situações”.
“Acho que ninguém que está neste projeto está contente, todos nós gostamos de ver as coisas a crescer. Desilusão não vou dizer que seja, porque o dono da equipa foi correto com todos nós – nisso há que elogiar, porque foi uma pessoa aberta, outro poderia encobrir a situação. A partir daí, mostrei-me também disponível para haver um acordo entre nós. E, agora, é pensar no futuro”, declara o poveiro, que até domingo comandará a Delko na ‘Algarvia’.
Sem negociações ou convites em cima da mesa – “isto aconteceu tudo há pouco tempo” -, o quinto classificado do Tour2004 e do Giro2001, que começou o seu percurso como diretor desportivo na RadioShack em 2010, trocará o lugar ao volante nas corridas por essa Europa pela cadeira de comentador da Eurosport, que ocupa desde o ano passado e que, esta temporada, o levará a ‘percorrer’ as três grandes Voltas.
“E depois, tenho em mente projetos, a título individual e pessoal”, conclui, sem querer adiantar pormenores.