Todos crescemos numa sociedade moldada para pensar que o normal é estarmos felizes e que devemos fugir da tristeza. No entanto, a tristeza e o mau humor são essenciais para o desenvolvimento do ser humano, trazendo-lhe, muitas vezes, benefícios. A tristeza é reconhecida como uma expressão de sentimentos muitas vezes presente em obras de arte, literatura e música, podendo até ser entendida como uma fonte de inspiração e reflexão. Quem o diz é um professor de psicologia.
A verdade é que a ciência moderna tem estudado os benefícios ocultos de estar triste e/ou mal humorado. Estudos demonstram que sentimentos de tristeza e mau humor podem desencadear processos cognitivos mais profundos e uma atenção mais focada, levando a uma melhor memória, decisões mais acertadas ou até maior motivação para superar desafios.
Além disso, a tristeza não é apenas uma experiência individual. É um sentimento que desempenha um papel fundamental na vida em comunidade, uma vez que nos permite sinalizar nos demais a necessidade de apoio e compaixão, atuando também como uma forma de fortalecer laços interpessoais e com isso fortalecer a vida em conjunto com os outros.
O professor de psicologia australiano Joseph Paul Forgas, da Universidade de Sydney, na Austrália, autor destas conclusões que foram publicadas no site The Conversation, dá até alguns exemplos acerca do papel da tristeza e da melancolia ao longo da história, como por exemplo a tragédia grega, que, de certa forma, expôs e ‘treinou’ o seu público para a efemeridade da vida humana. Também a obra de William Shakespeare tem como sua grande base o estado de melancolia que o mesmo vivia. Na música, Beethoven e Chopin exploraram os benefícios da sua tristeza de forma a criar arte.
Em Portugal temos o exemplo de um dos maiores poetas nacionais, Fernando Pessoa, que escrevia sobre a sua dor de pensar, como da tristeza que advinha de ser um ser pensante. Toda a sua arte é criada à volta dessa mesma dor e da sua necessidade de a expressar através da escrita.
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