A flexibilidade tornou-se uma tendência crescente no mercado de trabalho, abrangendo não só os horários e locais de trabalho, mas também os salários. De retalho a indústria, várias empresas já adotaram a prática de permitir que os trabalhadores recebam o seu ordenado quando desejarem.
O fim do mês pode ainda estar distante, mas a necessidade de reforçar a carteira pode surgir a qualquer momento. Antigamente, os trabalhadores teriam de esperar pela data estipulada pelo empregador para receberem o seu salário. Hoje, contudo, têm a possibilidade de aceder à parte correspondente aos dias já trabalhados de forma imediata, sem burocracias, como nos conta o Eco.
Com a transformação dos horários e locais de trabalho, a flexibilidade agora estende-se também à forma como os salários são pagos. Já existem várias empresas em Portugal que adotaram esta prática, desde padarias e retalho até à indústria e advocacia.
Um exemplo é a rede de padarias Gleba, que disponibiliza esta funcionalidade aos seus trabalhadores, principalmente devido ao atual cenário de inflação. Para a manager de recursos humanos, esta medida visa permitir que os trabalhadores possam gerir o seu salário de forma mais flexível, aliviando o stress financeiro.
A empresa de calçado Procalçado, por sua vez, também aderiu a esta tendência recentemente, vendo-a como uma forma de introduzir flexibilidade na gestão do orçamento mensal dos seus colaboradores.
Na área da advocacia, a sociedade de advogados CCA Law Firm implementou esta possibilidade há cerca de um ano, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida dos seus profissionais.
A empresa de recursos humanos Multipessoal, por sua vez, adotou esta prática como parte das celebrações dos seus 30 anos de atividade, visando dar respostas eficazes às necessidades dos seus colaboradores num contexto socioeconómico desafiador.
Mas como funciona esta flexibilidade salarial? Existem várias empresas, como a espanhola Payflow e as portuguesas Paynest e Coverflex, que facilitam este serviço. Os trabalhadores podem ver o montante correspondente aos dias já trabalhados crescer no seu perfil ao longo do mês e podem fazer uma transação sempre que desejarem, sem taxas adicionais.
Esta tendência não se limita a Portugal. Nos Estados Unidos, por exemplo, tem ganho popularidade, embora especialistas alertem para a necessidade de promover a literacia financeira dos trabalhadores.
Por isso, além de permitir o levantamento do salário a qualquer momento, é importante fornecer ferramentas de literacia financeira aos profissionais. Algumas empresas já estão a agendar workshops sobre este tema para os seus colaboradores, reconhecendo a importância de uma gestão financeira responsável.
Em suma, a tendência do salário “à la carte” está a ganhar terreno no mercado de trabalho, oferecendo uma nova forma de flexibilidade aos trabalhadores e exigindo uma abordagem mais consciente e informada em relação às finanças pessoais.
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