As Forças Populares 25 de abril (FP-25) foram criadas em abril de 1980, com uma aparatosa operação de lançamento de petardos, foram responsáveis por 13 mortes, uma delas em Alcoutim, e dezenas de atentados, entre 1980 e 1987.
Principais datas da história das Forças Populares 25 de abril (FP-25):
1980
28 de março – É criada a Força de Unidade Popular (FUP), organização política de extrema esquerda que viria mais tarde a ser associada às FP-25, consideradas como o braço armado deste partido.
20 de abril – As FP-25 anunciam o seu surgimento com a publicação do “Manifesto ao Povo Trabalhador”, que é distribuído por todo o país numa aparatosa operação de rebentamento de petardos. No manifesto, as FP afirmam que o seu surgimento acontece para “o derrube do regime, instauração da ditadura do proletariado, criação do Exército Popular e implantação do socialismo”.
05 de maio – Primeira ação violenta da organização, em que é assassinado o soldado da GNR Henrique Hipólito, em Meirinhos, Mogadouro, num assalto às agências do Banco Totta e Açores e da Caixa de Crédito e Providência, no Cacém.
13 de maio – Assassínio de Agostinho Ferreira, comandante do posto da GNR de Alcoutim.
1982
06 de dezembro – Assassínio de Diamantino Bernardo Monteiro Pereira, administrador da Fábrica de Loiças de Sacavém, em Almada.
1984
07 de fevereiro – Uma das maiores e mais emblemáticas “operações de recuperação de fundos” da organização. Assalto a um veículo de uma empresa de segurança que transportava 108 000 contos (538 701,70 euros).
30 de abril – Morte de um bebé de quatro meses num atentado à bomba na casa da sua família em São Mansos, Évora.
19 de junho – Início do desmantelamento das FP-25 com a Operação Orion, coordenada entre a PJ, PSP e GNR. No centro desta operação esteve a rusga efetuada à sede da FUP e posterior ilegalização do partido.
20 de junho – Prisão de Otelo Saraiva de Carvalho
15 de outubro – O Ministério Publico acusa Otelo Saraiva de Carvalho de ter “fundado, promovido e dirigido uma organização terrorista”, configurada nas FP-25 de Abril.
1985
19 de julho – José Manuel Barradas, arrependido das FP-25, é baleado na Costa de Caparica
21 de setembro – Evasão de nove membros das FP-25 do Estabelecimento Prisional de Lisboa
07 de outubro – Começa o julgamento das FP-25.
1986
15 de fevereiro – Assassínio do Diretor geral dos Serviços Prisionais Gaspar Castelo-Branco, à porta de sua casa, em Lisboa.
1987
20 de maio – O Tribunal Criminal de Monsanto condena Otelo Saraiva de Carvalho a 15 anos de prisão, depois de ter dado como provado o seu envolvimento nas acções das FP-25.
16 de agosto – Último assassínio das FP-25. O agente da PJ Álvaro Militão é morto durante uma perseguição a três elementos da organização, em Lisboa.
1989
17 de maio – Libertação de Otelo Saraiva de Carvalho.
1996
01 de março – A Assembleia da República aprova amnistia para os elementos presos das Forças Populares 25 de Abril.
06 de março – Mário Soares, Presidente da República, promulga a lei 9/96, que amnistia as “infrações de motivação política cometidas entre 27 de julho e 21 de junho de 1991.
2003
09 de julho – Prescreve o processo dos chamados crimes de sangue, no qual quase todos os réus foram absolvidos e dois arrependidos condenados, porque o Ministério Público deixa expirar o prazo para recorrer da sentença para o Supremo Tribunal de Justiça.
2004
Junho – O então Procurador geral da República, Souto Moura, aplica uma pena disciplinar de advertência ao magistrado Gomes Pereira, a quem estava atribuído, na Relação, o processo FP-25. O magistrado apresenta recurso.
2010
Abril – Em entrevista à Lusa, na passagem dos 30 anos sobre a sua criação, Gobern Lopes, um dos fundadores das FP-25 e o primeiro a assumir-se em julgamento como membro da organização, afirmou que “no contexto em que surgiram, as FP-25 tinham um propósito forte”, acrescentando que, embora não se sinta arrependido, reconhece que houve momentos em que a organização perdeu o pé.
O juiz Martinho de Almeida Cruz, que ordenou a prisão dos operacionaid das FP-25, criticou a amnistia: “Numa criminalidade absolutamente grave como esta, não aceitei nem nunca aceitarei tal ideia. Defenderia, quanto muito, um perdão de parte das penas. Porque perdoar é uma coisa, esquecer é outra.”
E Manuel Castelo-Branco, filho do diretor-geral dos Serviços Prisionais morto a tiro em fevereiro de 1986, afirmou que “o país foi mais do que benevolente” com as FP-25, assinalou o “desrespeito pelas famílias das vítimas”, e criticou o processo judicial: “A Justiça foi talvez o maior falhanço deste país no pós 25 de Abril”.
NS (JYF) // SF
Leia também: Motoristas de TVDE multados em ação de fiscalização no Aeroporto de Faro