Portugal deverá atingir os 240 casos de infeção por 100 mil habitantes dentro de seis dias, estima a análise de risco da pandemia de covid-19, que alerta para o aumento da pressão sobre os cuidados intensivos.
Segundo o relatório das “linhas vermelhas” da pandemia hoje divulgado pela Direção-Geral da Saúde (DGS) e pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), o país apresenta agora 200 novos casos de infeção por 100 mil habitantes a 14 dias, assim como um índice de transmissibilidade (Rt) superior ao limite de 1 em todas as regiões.
Esta tendência crescente é mais acentuada no Algarve e no Centro, que apresentam um Rt de 1,28 e 1,2r, enquanto o grupo etário com incidência cumulativa de infeções a 14 dias mais elevada correspondeu às pessoas entre 20 aos 29 anos, com 427 casos por 100 mil habitantes.
“Mantendo-se esta taxa de crescimento, estima-se que o tempo para atingir a taxa de incidência acumulada a 14 dias de 240 casos por 100 mil habitantes seja inferior a 15 dias (mais especificamente seis dias) para o nível nacional”, alerta o relatório, avançando que esse limiar já foi ultrapassado em Lisboa e Vale do Tejo e no Algarve.
Ao nível da pressão do Serviço Nacional de Saúde, o documento refere que o número diário de doentes com covid-19 internados em Unidades de Cuidados Intensivos (UCI) no continente voltou a revelar uma tendência crescente, correspondendo já a 47% do valor crítico definido de 245 camas ocupadas, quando, na semana passada, estava nos 43%.
A 30 de junho, estavam nos cuidados intensivos 113 doentes, a maioria na faixa etária entre os 40 e os 59 anos, adianta ainda o relatório, que considera que, no último mês, o aumento da atividade epidémica tem “condicionado um aumento gradual na pressão dos cuidados de saúde, em especial na ocupação dos cuidados intensivos”.
“A região de Lisboa e Vale do Tejo, com 71 doentes internados em UCI, representa 62% do total de casos em UCI [no país], e corresponde a 86% do limite regional de 83 camas em UCI definido no relatório “linhas vermelhas””, refere o documento.
Relativamente à Delta, associada à Índia e predominante em Portugal, a DGS e o INSA adiantam que, com base em dados de sequenciação genética, esta variante apresentou uma frequência relativa de 70% dos casos na semana de 14 a 20 de junho em Portugal.
“A frequência estimada para a semana de 21 a 27 de junho, baseada na deteção do gene “S” por análise PCR, foi de 85% em Portugal continental”, estima o documento, referindo que, apesar de menos exato do que o valor obtido por sequenciação genética, este último indicador aponta para a “manutenção da tendência crescente da frequência da variante Delta nos casos em Portugal”.
Ao nível nacional, a proporção de testes positivos para SARS-CoV-2 foi de 3,2%, quando na semana anterior tinha sido de 2,3%, valor que se mantém abaixo, mas agora mais próximo, do limiar definido de 4%.
O relatório refere também que se verificou um aumento do número de testes para deteção de SARS-CoV-2 realizados nos últimos sete dias, somando um total de 390.241 despistes do vírus.
Em Portugal, morreram 17.108 pessoas e foram confirmados 884.442 casos de infeção, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.