O Outono é a estação do ‘desapego’, o seu elemento é a energia metal, o sabor predominante é o picante e o seu órgão os pulmões e o intestino grosso.
Estes dois órgãos, os pulmões (ligados à fé e à confiança) e o intestino grosso são dois órgãos responsáveis pela limpeza das toxinas no nosso organismo, dando-nos a capacidade de nos libertarmos também do que não precisamos pois trabalham com o apego e o desapego e as depressões.
Assim o Outono é tido como a estação da desintoxicação, sendo necessário trabalhar a eliminação com a ajuda dos intestinos e dos pulmões.
Devemos agora evitar alimentos feitos a partir de farinhas refinadas, lacticínios em excesso, açúcar, refrigerantes e todo o tipo de proteína animal transformada (fiambre, chouriço, etc.) e devemos de igual maneira evitar levar uma vida sedentária, com ausência de exercício físico e de convívio social.
Alimentos recomendados para esta estação e que nos vão ajudar à desintoxicação são as raízes (por exemplo a cenoura) que contribuem para fortalecer os intestinos e as suas ramas são fantásticas para o tratamento dos pulmões, os cereais integrais (principalmente o arroz), as algas (nori e agar-agar) e os germinados.
Assim, com base nestes alimentos, vamos preparar um menu completo que nos ajudará na desintoxicação do nosso organismo: arroz integral, tempura de legumes e pudim de cenoura com agar-agar.
Tenha uma boa desintoxicação e um feliz Outono, que ele está aí à porta para aproveitar, também à mesa.
Arroz integral
Alimento base da alimentação macrobiótica, o arroz integral é um cereal rico em aminoácidos, minerais e altamente rico em vitamina B trazendo imensos benefícios para o nosso organismo.
O arroz integral deve ser sempre demolhado antes de ser cozinhado pois ajuda a desdobrar o ácido fítico e pode ser cozinhado juntamente com outros cereais (milet, cevada, centeio, trigo, etc.) ou leguminosas (grão-de-bico, feijão azuki, feijão de soja preto…) também estes previamente demolhados.
Ao ser um grão integral a sua cozedura é mais lenta que a do arroz branco, pelo que para facilitar o seu tempo de cozedura usamos a panela de pressão. Depois de cozinhado podemos polvilhar com gomásio (sal de sésamo) antes de servir.
Ingredientes:
- 2 tigelas de arroz integral
- Água
- Sal marinho
Preparação:
Para fazer um arroz integral perfeito devemos demolhar o arroz durante 3 a 5 horas (ou durante toda a noite caso precisemos cozinhar o arroz logo de manhã cedo).
Colocar o arroz dentro da panela de pressão, adicionar uma pitada de sal (ou uma tira de alga kombu) e cobrir com água, até que, ao tocarmos com o dedo na superfície do arroz, este fique coberto até sensivelmente metade da primeira falange do dedo.
Caso queiramos um arroz mais ou menos cozido apenas teremos que colocar mais ou menos água. Levar a panela ao fogo em lume máximo até que comece a ferver. Tapar a panela (de imediato) e deixar levantar pressão ao máximo.
Baixar o lume para o mínimo e deixar cozer durante 30 minutos. Deixar sair o vapor da panela de pressão (deverá conter muito pouco vapor uma vez que cozeu no mínimo) e obtemos assim um arroz bem cozido e seco.
Pudim de cenoura
Nesta receita uso uma alga chamada de agar-agar que tem um poder gelificante e substitui a tradicional gelatina animal em preparações tanto de legumes como em sobremesas, possui muitos benefícios para o nosso organismo e ajuda a facilitar o trânsito intestinal.
A cenoura sendo uma raiz e por nascer dentro da terra, tem a capacidade de juntar os minerais ajudando o nosso intestino a ficar mais forte.
Ingredientes:
- 10 cenouras
- 2 colheres de sopa de agar-agar
- 1 colher de sopa de amido de milho
- 5 colheres de sopa de geleia de arroz
- 1 casca de laranja
- 1 pau de canela
- 1 pitada de sal
- 1 tigela de sopa de sumo de maçã
Preparação:
Cortar as cenouras às rodelas e colocá-las numa panela juntamente com todos os outros ingredientes.
Levar ao lume até ferver, tapar e reduzir o lume para médio/baixo.
Deixar cozinhar durante 20 minutos aproximadamente.
É conveniente ir mexendo durante a cozedura pois o amido de milho tem tendência a pegar.
Retirar a casca de laranja e o pau de canela e triturar até ficar em puré.
Colocar este preparado numa forma e levar ao frigorífico até prender.
Tempura de curgete, cenoura e abóbora
Conta a história que este método culinário (fritar legumes em óleo abundante depois de os envolver num polme feito a partir de farinha, água e sal) foi levado pelos portugueses para o Japão.
Pode fazer tempura de quase todos os legumes, mas alguns precisam de ser escaldados primeiro, como o feijão verde, a couve-flor e outros mais fibrosos.
Um dos segredos de uma boa tempura é a temperatura fria a que se encontra o polme onde são ‘banhados’ os ingredientes, assim pode fazer o polme com água fria ou pode preparar o polme com água à temperatura normal e depois colocar durante um bocado no frigorífico para que arrefeça.
Se tiver problemas na digestão de fritos, consuma juntamente uma a duas colheres de sopa de nabo, rábano ou rabanete ralados.
Ingredientes:
- 200 gr de farinha de espelta integral
- 1 (c.sopa) de sementes de sésamo
- 1 curgete
- 2 cenouras;
- 2 fatias de abóbora
- Óleo para fritar
Preparação:
Cortar a curgete e a cenoura às rodelas no sentido longitudinal e a abóbora em fatias finas (o corte da cenoura e da abóbora deve ser fino para permitir que a fritura cozinhe os legumes).
Preparar o polme juntando a farinha, com a água, o sal.
Mexer até obter um creme fino e sem grumos, não deverá ser muito liquido, nem muito espesso, mas com a consistência necessária para banhar os legumes de modo a que o creme fique aderido a estes. Juntar as sementes de sésamo e mexer para que se incorporem no creme.
Passar os legumes pelo polme e fritar de imediato em óleo quente.
Retirar e deixar escorrer em papel absorvente. Servir.