Permita-me o leitor que lhe recorde que neste nosso tempo em que os cuidados de saúde vivem as consequências da pandemia e até o esgotamento dos profissionais, o aconselhamento farmacêutico é totalmente gratuito, possibilita escolhas corretas a quem os reclama para o seu bem-estar. O farmacêutico pode contribuir para tratar os males ligeiros (que tanto podem dar pelo nome de gengivite, prisão de ventre ou problemas das crianças…) na altura própria e assim evitar doenças mais sérias. Lembro as infeções respiratórias superiores que podem afetar a criança, podem manifestar-se pelas dores de garganta, congestão nasal ou nariz entupido, dores de ouvidos, entre outras. O farmacêutico pode dar uma ajuda preciosa na identificação dos sintomas que levem a consultar de imediato o médico. A escolha de medicamento no caso de constipação tem que ser criteriosa, ele alerta os pais e os encarregados de educação para que estejam informados sobre as medidas de prevenção, contágio destas infeções respiratórias, sensibilizando-os para os estilos de vida saudáveis que asseguram o maior bem-estar à criança.
Há a obstipação ou prisão de ventre, que faz parte das queixas mais frequentes dos pais nos primeiros meses da vida do lactente. Use e abuse do aconselhamento farmacêutico quanto a indicações sobre a alimentação mais adequada, os pais não devem tomar qualquer decisão quanto à toma de medicamentos sem perguntar ao seu farmacêutico qual o mais apropriado face à idade da criança. Nesse diálogo entre o farmacêutico e os pais da criança o farmacêutico deve apurar quais os medicamentos que a criança está a tomar, pode dar-se o caso de algum deles ser responsável pela prisão de ventre. Recordo também o bebé com cólicas, a prevalência delas nesta faixa etária é muito elevada e afeta quer os bebés alimentados com leite materno quer os alimentados com leite artificial. Os pais devem estar informados que as cólicas, regra geral, irão desaparecer pelo quarto mês de vida. Pois bem, o farmacêutico deve recordar as medidas gerais recomendadas para o alívio das cólicas, e questionar mesmo se o médico prescreveu ou se recomendou algum medicamento, tentando perceber se os pais os estão a utilizar e se o fazem nas doses e na frequência recomendadas.
Neste despretensioso texto procuro única e exclusivamente lembrar aos pais e encarregados de educação que existe um potencial pouco explorado e que é dever do farmacêutico informar e prescrever sempre qualquer medicamento com indicação, seja para tratar a otite, a amigdalite, a febre, as intolerâncias alimentares (caso da doença celíaca). Veja-se o caso da otite e qual a ajuda que deve esperar do seu farmacêutico: ele dir-lhe-á que a dor de ouvidos não deve ser aliviada mediante a aplicação de gotas, exceto se forem receitadas pelo médico, mas sim com analgésicos tomados por via oral, como o paracetamol (está absolutamente proibido o uso da aspirina até aos 12 anos). São poucos os casos de afeção dos ouvidos que podem ser tratados com recurso a automedicação. O cerúmen não deve ser removido mecanicamente com cotonetes, no ouvido não se introduz nenhum objeto e os cotonetes só servem para secar ou para limpar as orelhas. E o seu farmacêutico dir-lhe-á mais: se o ouvido não estiver infetado ou se a infeção for causada por um vírus, é escusada a toma de antibióticos. E sempre que houver necessidade de remover corpos estranhos do ouvido, o farmacêutico recomendará a ida pronta ao médico.
Ficam aqui estes exemplos sobre novas atitudes de comunicação que devemos desenvolver e saber gerir bem com quem nos acolhe com tanta disponibilidade do outro lado do balcão da farmácia.